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Suspense na Copa: Parreira esconde o jogo. O show é hoje?

Guarulhos, 22 de junho de 2006

Vencer o Japão é a principal obrigação da Seleção Brasileira hoje, às 16h (de Brasília), em Dortmund – mas não a única. A expectativa é pelo show, pelo futebol-arte, que credenciou o Brasil como favorito disparado ao hexa antes do início da Copa. Show que até agora não passou de breves lampejos nos jogos contra Croácia e Austrália.

O empate já basta ao Brasil para garantir o primeiro lugar da chave e continuar em Dortmund nas oitavas-de-final – neste caso, na terça-feira, às 12h (de Brasília). Só uma derrota, combinada com boa vitória da Austrália sobre a Croácia, mudará essa situação.

No centro das atenções está, claro, o quarteto mágico. E ontem, nas entrevistas depois do treino de reconhecimento do Westfalenstadion, palco do jogo, todos os olhares se voltaram para Ronaldinho Gaúcho, melhor jogador do mundo nos últimos dois anos e que, para os críticos, ainda não estreou de fato na Copa, embora já tenha estado em campo por 180 minutos.

“Na Seleção, todos precisam aparecer e eu tenho consciência de que aqui tenho que abrir mão de algumas coisas, minha função é dar ritmo à equipe”, desconversou o camisa 10, que reluta em assumir a condição de protagonista solitário e admite que não é escalado por Parreira do jeito que está acostumado a atuar – e brilhar – no Barcelona: de forma mais ofensiva, aberto pelo setor esquerdo. “Posso não jogar da forma que mais gosto, mas o importante é a equipe ganhar e eu jogar como o treinador me pede”, diz, sem deixar de lado o característico sorriso.

Parreira manteve o mistério e relutou em dizer se poupará algum dos titulares – por carência física ou cartões amarelos, casos de Ronaldo, Cafu e Emerson, além do “primeiro-reserva”, Robinho. O clima de dúvida deixou alguns atletas ansiosos – como o próprio Robinho. “Claro que não reclamo de entrar no segundo tempo, mas gostaria de começar um jogo. Estou aqui para o que der e vier”, explica o atacante. “Como todo mundo, eu sempre quero jogar, mas ficar de fora pode ser previdente. O que for melhor para a Seleção está bom para mim”, completa Emerson.

Com tantas dúvidas, só uma certeza: Ronaldo estará em campo, do alto de seus 90,5 quilos – peso revelado ontem pelo preparador físico Moraci Sant'Anna, depois de dias de verdadeiro segredo de Estado. Diz Moraci que o atacante já emagreceu mais de 4 quilos na preparação para a Copa, desde o dia 25 de maio, na Suíça. Parreira o escalou antecipadamente, pois acha que o atacante, além de ritmo de jogo, precisa de gols para ganhar confiança. “Ronaldo está melhor e a resposta ele vai dar em campo, contra o Japão”, assegura Moraci.

Vale lembrar, porém, que junto com a preocupação com vencer, dar show, recuperar a forma e a confiança, há um adversário que ainda tem lá seus desejos na Copa. O técnico Zico, que deixa o cargo após o torneio, não quer se despedir com uma derrota para sua seleção de origem. E há ainda a (pequena) esperança para se classificar: vencer, e bem, e torcer por triunfo apertado da Croácia sobre a Austrália. “Enquanto tivermos esperança, vamos nos agarrar a ela”, garante. O Japão, ele lembra, deu trabalho ao Brasil na última Copa das Confederações, quando empatou por 2 a 2 e teve um gol mal anulado. Zico promete um time ofensivo – “A gente precisa de gols, então vamos atacar” – e tem a receita para estragar mais um espetáculo: “Não podemos dar espaço para os habilidosos jogadores do Brasil”.