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Copom mantém conservadorismo

Guarulhos, 19 de janeiro de 2006

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem reduzir a taxa básica de juros (a Selic) em 0,75 ponto percentual, para 17,25% ao ano – a taxa mais baixa desde novembro de 2004. A decisão foi unânime, mas demorou para sair: o encontro durou quase cinco horas.

Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, a redução de 0,75 ponto representa a manutenção da política conservadora do Copom. Ele comentou que a expectativa da classe empresarial era de um corte maior, dadas as quedas dos índices de inflação e a forte desaceleração da atividade econômica. “Consideramos que há espaço para uma queda maior dos juros, sem comprometer o combate à inflação, que continua a ser indispensável”, afirmou Afif. “O cenário atual justificaria um corte até maior que um ponto percentual”, acrescentou Marcel Solimeo, diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP.

Decepção “ Tharcísio Souza Santos, economista do MBA de negócios da Fundação Armando Álvares Penteado, ficou decepcionado com a decisão. “É a mesma coisa que manter as reduções de 0,5 ponto, já que as reuniões do Copom neste ano deixaram de ser mensais”, disse, lembrando que o próximo encontro só será realizado no mês de março.

“O mercado deve reagir bem ao corte de 0,75 ponto”, disse o presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), Milton Milioni. Segundo ele, um corte maior na primeira reunião de 2006 poderia ser visto como uma atitude eleitoreira.

Juros reais “ Para o Brasil sair da posição de campeão mundial dos juros reais, o Copom teria de cortar sete pontos percentuais da Selic, isto é, reduzir a taxa básica de 18% para 11% ao ano, de acordo com cálculos da consultoria GRC Visão. Portanto, um corte de 0,5, 0,75 ou até 1 ponto percentual na reunião de ontem não refresca em nada essa situação.

De acordo com o economista Jason Vieira, da GRC Visão, a taxa de juros real do Brasil (descontada a inflação pelo IPCA projetada para os próximos 12 meses) passa de 12,6% para 12,1%, com o corte de 0,75 ponto percentual na Selic. Com uma queda de 1 ponto percentual, a taxa real cairia de 12,6% para 11,9% anuais.