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Cai a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas

Guarulhos, 01 de novembro de 2005

A taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo com até 5 anos de atividade caiu de 71% em 2000 para 56% em 2004.

Em números absolutos, a redução significa que, enquanto em 2000 91 mil empresas fechavam até o quinto ano de vida, em 2004 esse número caiu para 72 mil empresas.

Os dados são da pesquisa Sobrevivência e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas de 1 a 5 anos, realizada pelo Sebrae-SP com o objetivo de verificar os principais fatores que levam ao encerramento das atividades de uma empresa.

A apuração teve como base o rastreamento feito pelo Sebrae-SP a partir do registro de empresas na Junta Comercial do Estado de São Paulo – Jucesp. Entre 1990 e 2004, a Jucesp registrou a abertura de mais de 2 milhões de empresas. Dessas, segundo o estudo do Sebrae-SP, 1,3 milhão encerraram as atividades. Nos últimos 15 anos, a média é de 133 mil empresas abertas e 91 mil desativadas a cada ano. Proporção que vem caindo: em 2004, por exemplo, foram constituídas 128 mil empresas e fechadas 72 mil.

Os números que envolvem o setor são significativos: 99% das empresas formais são de pequeno porte. Os pequenos negócios abrigam 67% das pessoas ocupadas e geram 28% da receita bruta anual do setor privado. Por isso, a conseqüência do fechamento dos pequenos negócios também tem forte impacto na economia: em 2004, o encerramento das atividades representou a eliminação de 281 mil postos de trabalho e uma perda financeira de R$ 14,8 bilhões. Nessa perda estão incluídos o capital investido (R$ 1,7 bilhão) e o faturamento que as empresas deixaram de auferir (R$ 13,1 bilhões). Para ilustrar, essa perda financeira tem valor equivalente a 735 mil carros populares ou quase 70 milhões de cestas básicas por ano.

Para José Luiz Ricca, diretor-superintendente do Sebrae-SP, têm contribuído para a redução da mortalidade de empresas o aumento da oferta de serviços de capcitação em empreendedorismo da instituição. Na avaliação de Ricca, a tendência é que a taxa de mortalidade continue caindo nos próximos anos. Mas par que isso aconteça será preciso ampliar ainda mais o esforço de capacitação e incrementar políticas públicas, com a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa.

Esta é a quarta edição da Pesquisa de Mortalidade. Desta vez, foram ouvidos 3,4 mil proprietários e ex-proprietários de empresas paulistas, cujos nomes foram levantados na Junta Comercial. As entrevistas foram realizadas em 2004 e tabuladas este ano.

Em comparação com as pesquisas anteriores (realizadas em 2000/01 e 2002/03), nota-se uma estabilização das empresas a partir do terceiro ano de vida. Segundo o estudo, a taxa de mortalidade das empresas paulistas no primeiro ano de constituição é de 29%. A taxa cresce 13 pontos porcentuais no segundo ano (42%) e outros 11% no terceiro (53%). Então, a variação da taxa de mortalidade estabiliza. Há um pequeno aumento da taxa, 53% para 56% no quarto ano e se mantém a mesma (56%) no quinto ano. São taxas acumuladas de 29%, 42%, 53%, 56% e 56%, respectivamente, nos cinco primeiros anos de atividade. Todas inferiores às detectadas na pesquisa de 2000: 32%, 44%, 56%, 63% e 71%.

Fatores para fechamento – As razões que levam uma empresa constituída a encerrar suas atividades são várias e a maioria está associada ao perfil empreendedor e a decisões dos proprietários. Os dados apurados pela pesquisa permitem agrupar as causas da mortalidade das empresas em seis grupos, no entanto, sem hierarquia entre si.

São eles: comportamento empreendedor pouco desenvolvido, deficiências no planejamento antes da abertura do negócio; deficiências na gestão empresarial após a abertura do negócio, políticas insuficientes de apoio às empresas, conjuntura econômica deprimida e problemas pessoais dos sócios-proprietários.

A partir daí, a pesquisa elenca ações que podem ajudar na queda da taxa de mortalidade. Em relação às questões individuais, a ênfase deve ser nas empresas recém-abertas, momento no qual há a maior taxa de mortalidade. Além de promover o desenvolvimento do comportamento empreendedor, antes da abertura é fundamental um planejamento mais detalhado (ex.: identificação do número de clientes e hábitos de consumo, dos fornecedores e as formas em que operam, o número de concorrentes e suas estratégias de negócio, os aspectos legais do negócio, os investimentos necessários para montar o negócio e o diferencial dos produtos que deseja oferecer no mercado).

Após a abertura do negócio, é imprescindível aprimorar as habilidades de gestão empresarial, por meio da participação em cursos e palestras e adoção de atitudes mais proativas (ex.: preocupando-se sempre em aperfeiçoar os produtos de acordo com a evolução do gosto dos clientes, fazer propaganda e divulgação, melhorar a administração do fluxo de caixa e aperfeiçoar a gestão dos custos).

Outro grande diferencial de quem sobrevive é a busca por auxílio profissional nas entidades de apoio aos pequenos negócios. No grupo de empresas com até 5 anos de atividade que são clientes do Sebrae-SP, a pesquisa apurou taxas de mortalidade mais baixas: 24% para as empresas até 1 ano de atividade, 25% para empresas até 3 anos e 30% para empresas até 5 anos de atividade.

No caso dessas empresas, tem contribuído muito para este resultado a atitude mais empreendedora (o perfil proativo, citado acima) e os investimentos em capacitação empresarial.

Mas há também questões referentes às políticas públicas, relacionadas a tributos (simplificação e redução), política de compras governamentais, política de crédito e microcrédito, desburocratização e redução de custos de abertura entre outras.