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Supermercados vendem 15% pela Internet

Guarulhos, 17 de março de 2005

A venda virtual de alimentos tem apresentado crescimento constante nas redes supermercadistas. Em média, as compras virtuais representam 15% da receita das empresas, percentual que deverá aumentar pelo menos 5% neste ano, segundo os empreendedores das redes. Para alavancar vendas, redes como Pão de Açúcar apostam em estratégias de marketing diferenciadas para o portal. Alexandre Luiz de Lima, gerente de comércio eletrônico da rede, faz ofertas no site para atrair mais clientes e promoções com frete grátis.

Entre redes menores que também vendem pela Internet, como Zona Sul , Sonda , Mercadorama e
Nacional, ainda não existem estratégias diferenciadas para os sites. “O crescimento de vendas pelo portal acompanha o crescimento nas lojas tradicionais”, afirma Álvaro Farana, diretor de informática da rede Sonae, dona das bandeiras Mercadorama e Nacional. De acordo com ele, as redes fazem promoções conjuntas com o site.

De acordo a E-Consulting, as compras de bens de consumo pela Internet movimentaram R$ 2,065 bilhões no ano passado, 35% mais que em 2003.

Tanto o Mercadorama quanto o Nacional, que vendem pela Internet desde 2003, têm frota própria para fazer suas entregas. Para vender mais, Farana ressalta que será necessário maior investimento em logística. “Terceirizar parte da entrega está entre as nossas estratégias. Também já estamos investindo em tecnologia para oferecer uma página totalmente segura”, diz.
Segundo o executivo, as redes têm infra-estrutura preparada para a entrega das mercadorias. “A partir do pedido, o sistema emite uma ordem de separação para a equipe da loja. As mercadorias são separadas, acondicionadas em caixas especiais e transferidas para uma zona de conferência e emissão da nota fiscal. Concluído este processo, uma van é carregada para entrega na casa do cliente”.

De acordo com Farana, o comércio eletrônico é responsável por 15% das vendas das duas redes. “Há um ano, apenas 5% das vendas vinham da Internet. Neste ano, vamos elevar a participação do site para 20%”.

Na rede Pão de Açúcar, a expectativa é dobrar a participação das vendas on-line nos próximos 3 anos. Lima afirma que 90% dos produtos disponíveis nos supermercados da bandeira, inclusive perecíveis, podem ser adquiridos pelo site Pão de Açúcar Delivery, que substituiu o site Amélia (www.amelia.com.br) em 2000. “Entre 2004 e 2005, a participação das vendas virtuais na receita do Pão de Açúcar cresceu 30%, chegando a mais de 20 mil pedidos por mês”, diz.

Hoje, as vendas do Pão de Açúcar pela Internet representam 75% do total das vendas em relação ao telemarketing e fax. Apesar disso, as vendas on-line não chegam a 2% do total de vendas da rede. Segundo a empresa, o índice de fidelização dos internautas é de 94% depois da terceira compra.

Pedro Guasti, diretor-geral da E-Bit , diz que as compras de alimentos pela Internet ainda têm uma participação pequena dentro do comércio eletrônico, de 1,4%. “O maior obstáculo é a logística necessária para esse canal. Antes de investir em um portal, o empresário tem de verificar se o seu estoque suportaria a demanda do site. Mais do que isso, ele tem de pensar como vai entregar principalmente as mercadorias perecíveis, que necessitam de alguns cuidados”.

Segundo Lima, para fazer as entregas do Pão de Açúcar Delivery a rede conta com um Centro de Distribuição (CD) que está locado a uma loja física, criando sinergia para ambos em termos de custos fixos, estrutura administrativa e gestão de produtos.
Para Guasti, uma opção para os supermercados iniciarem as vendas pela Internet é delimitar as entregas. “O próprio Pão de Açúcar faz entregas para quatro estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba”, diz. Segundo Lima, o delivery da rede atende em São Paulo a Grande São Paulo, Campinas e litoral de Peruíbe até São Sebastião. No Rio de Janeiro, o Pão de Açúcar faz entregas para a Grande Rio e Niterói. Líder do setor supermercadista no Rio Grande do Sul, o Nacional só faz entregas para a região, assim como o Mercadorama, com 24 lojas no Estado do Paraná.

Concorrente do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, a rede carioca Zona Sul também vende pela Internet no estado. Já o Sonda, que começou a vender pela Internet em janeiro deste ano, delimita suas entregas para o estado paulista. De acordo com Guasti, a estratégia é mais simples para pequenas redes, que atendem um bairro ou uma região.
Jaime Xavier, diretor comercial da Zona Sul , conta que as vendas pela Internet, telefone e fax representam 6,5% da receita da empresa. “A tendência é que o percentual cresça nos próximos anos. Se nós investirmos no sistema de entregas, o crescimento automaticamente acontece”. Segundo Xavier, a Zona Sul divide suas entregas entre sua frota própria e uma empresa terceirizada. Para organizar as entregas, o grupo mantém uma central de pedidos e distribuição de mercadorias. “Antes de investir em marketing para o site, precisamos aumentar a nossa frota própria”.

De acordo com o diretor da E-Bit, somente os supermercados com público consumidor das classes A e B podem vender pela Internet. “Os clientes de classes mais baixas nem mesmo têm um computador”, lembra.

Na opinião de Paulo Afonso Feijó, ex-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e atual consultor da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), ainda há muito espaço para este canal entre os supermercados. Antigo dono do Supermercado Econômico , Feijó diz que chegou a vender pela Internet, mas teve de encerrar o canal por falta de logística.

Tíquete médio

Assim como acontece com os demais segmentos do comércio eletrônico, a tendência é que o consumidor virtual compre mais itens do supermercado quando utiliza a Internet. “Ele aproveita o valor do frete para comprar tudo o que precisa de uma só vez. Nas compras on-line também temos menos noção de quanto compramos, porque não vemos o carrinho cheio”. Segundo o diretor, o consumidor compra em média 3 ou 4 títulos de CD quando o faz pela Internet. “O mesmo processo acontece com os supermercados”.
Para Farana, do Sonae, a vantagem de vender pela Web é a garantia de um valor médio de compras superior ao das lojas tradicionais. Lima, do Pão de Açúcar, ressalta que na comparação com as vendas das lojas físicas, o ticket médio do site é 6 vezes superior.

Stella Maya