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Severino Cavalcanti é o presidente da Câmara

Guarulhos, 15 de fevereiro de 2005

Pela primeira vez na história do poder Legislativo, a Câmara dos Deputados não será presidida nos próximos dois anos por um representante do maior partido da Casa Legislativa. Em uma votação histórica, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) derrotou em segundo turno o candidato oficial Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) por 300 a 195 votos.

A virada ocorreu basicamente no intervalo entre a apuração do primeiro turno, e a votação do segundo. Em plena madrugada desta terça-feira, os dois candidatos percorreram todas as lideranças da base aliada e da oposição em busca de votos que garantissem a vitória em segundo turno. A correria foi tanta que nenhum dos dois candidatos conseguiu parar por um minuto sequer para comemorar a primeira vitória e falar com os jornalistas. O deputado Severino Cavalcanti se limitava a dizer: “eu preciso de votos”.

A vitória de Severino Cavalcanti ocorreu com os votos do primeiro turno do candidato avulso do PT, Virgílio Guimarães (MG), e dos candidatos do PFL, José Carlos Aleluia (BA) e Jair Bolsonaro (RJ). Enquanto no primeiro turno Severino Cavalcanti teve apenas 124 votos contra 207 de Greenhalgh, no segundo turno a diferença foi de 105 votos para o candidato do PP.

Desde o início, a apuração dos votos do segundo turno foi tensa. Severino Cavalcanti saiu na frente, e abriu larga vantagem de votos sobre o candidato oficial. Quando Severino Cavalcanti atingiu a metade mais um dos votos válidos (250 votos), o plenário da Câmara comemorou com gritos e a aclamação do nome do novo presidente. Depois de proclamado o resultado final, os parlamentares se deram as mãos e cantaram o hino nacional.

Em um discurso emocionado, Severino Cavalcanti (PP-PE) prometeu que não irá dificultar o relacionamento entre os Poderes Executivo e Legislativo. “Não irei absolutamente procurar criar empecilho para com o meu conterrâneo que veio também de Pernambuco como eu. Ele veio no pau de arara, e eu vim no navio do Ita, que naquele tempo nos trazia para cá”, disse.

O novo presidente agradeceu o lançamento das campanhas avulsas de Virgílio, Aleluia e Bolsonaro – a quem atribuiu grande parte da sua vitória. Também não poupou elogios aos deputados responsáveis por sua eleição. “Queria apenas dizer aos meus colegas deputados e deputadas que é um orgulho quando criticavam e diziam que o deputado Severino Cavalcanti não podia assumir a presidência da Casa porque não tinha o nível universitário. Eu digo a todos os meus diletos companheiros: eu vim aqui para aprender, e aprendi tanto que cheguei a presidente desta Casa”, enfatizou.

O novo presidente da Câmara aproveitou para pedir apoio dos parlamentares nos próximos dois anos em que estará à frente da Casa. “Tenho certeza que os senhores deputados irão me dar condições para que eu possa realmente desempenhar com toda a desenvoltura a minha função, porque eu preciso dos deputados, preciso do conselho dos deputados. A minha presidência será a presidência de todos os deputados e deputadas”, garantiu.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha também fez uma despedida emocionada depois de dois anos à frente da Casa. Ele fez um apelo a Severino Cavalcanti para que mantenha a harmonia entre os Poderes, e o controle sobre o Legislativo. E fez um rápido balanço positivo da sua gestão. “A vida impõe grandes desafios para nós que somos homens públicos. Termino de cabeça erguida com o sentimento de dever cumprido”.

Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço