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Lula e Chávez selam aliança estratégica

Guarulhos, 15 de fevereiro de 2005

Brasil e Venezuela assinaram nesta segunda-feira, 14, em Caracas, uma gama ampla de acordos para desenvolverem projetos conjuntos nas áreas petrolífera, petroquímica, militar, de mineração e de infra-estrutura. Trata-se de um esforço para criar uma aliança estratégica.
Os dois países têm incrementado de forma substancial o comércio bilateral, que passou de US$ 880 milhões em 2003 para US$ 1,6 bilhão em 2004. A expectativa é que em 2005, esses números cheguem a US$ 3 bilhões.

“Nossos dois governos decidiram tornar realidade o sonho de forjar uma verdadeira aliança estratégica. Essa associação dará uma complementariedade inédita a nossas duas economias”, salientou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura de um encontro binacional de empresários em Caracas, onde chegou no domingo.

Lula mantém relações cordiais com os Estados Unidos ao mesmo tempo em que promove a integração sul-americana, algo que o nacionalista Hugo Chávez, presidente da Venezuela, busca acelerar.

“Hoje (14 de fevereiro), é um ano que promete ser feliz em todas as ordens, apesar de haver muitas ameaças no mundo. Precisamente por causa das ameaças que existem no mundo é prioritário, é urgente, acelerar a marcha da integração do sul”, afirmou o presidente venezuelano.

“Estamos total e absolutamente convencidos, na Venezuela, de que a solução para nossos problemas não está no norte, está aqui entre nós mesmos”, completou Chávez. É sabido que presidente venezuelano tem como hábito atacar o “imperialismo” e o “capitalismo” dos Estados Unidos, o principal comprador do petróleo venezuelano.

A chancelaria brasileira disse na semana passada que a “aliança estratégica” se centraria nas áreas de defesa e proteção da selva amazônica, na exploração de petróleo e gás além das áreas de petroquímica, de produção de etanol e biodiesel, mineração, siderurgia e projetos de infra-estrutura, entre outros.

Convocação aos empresários

Lula destacou os acordos que as estatais Petróleos de Venezuela (PDVSA) e Petrobras assinarão para construir conjuntamente uma refinaria no Brasil e para fazer prospecções na Venezuela, além de estruturar uma petroquímica. Por seu lado, Chávez alertou que existem outros 14 convênios a serem firmados por ambos os presidentes.

“São muito promissoras as perspectivas para 2005, sobretudo no setor energético”, disse Lula. Após o encontro, ele seguiu para Guiana Francesa e Suriname.

Na área de mineração, ele falou sobre as possibilidades de exploração de ferro, carvão, bauxita e níquel por uma empresa binacional que seria constituída pela brasileira Companhia Vale do Rio Doce e pela estatal venezuelana Carbozulia.

O presidente brasileiro também destacou os entendimentos com a Embraer, que permitirão à Venezuela se associar no processo de montagem de aviões. Chávez disse no domingo que no Brasil serão construídos aviões Tucanos para a força aérea de seu país.

Lula também se referiu a acordos para que empresários brasileiros desenvolvam uma terceira ponte sobre o rio venezuelano Orinoco, assim como a cooperação na monitoração do espaço aéreo do Amazonas e maior cooperação na vigilância dessa extensa região.

“Essas notícias nos enchem de orgulho e esperança, pois representam uma oportunidade de geração de empregos e riqueza nos dois lados da fronteira”, afirmou o presidente brasileiro.

Os dois presidentes convocaram os empresários de ambas nações a se somarem ao processo de integração e os estimularam a assinar acordos e convênios.

Estava prevista a assinatura de um acordo para evitar a bitributação de empresas, e que o Brasil torne mais rápida a liberação de créditos para financiar a exportação de bens e serviços para projetos de infra-estrutura na Venezuela.