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Varejo se esforça e vendas sobem 6,6%

Guarulhos, 18 de janeiro de 2005

O ano de 2005 começou bem para o comércio, principalmente devido as promoções realizadas por muitas lojas. De acordo com os dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a primeira quinzena de janeiro registrou uma alta média nas vendas de 6,6%, se comparadas ao mesmo período de 2004.

As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) – que mede as vendas a prazo – cresceram 6,0% sobre o ano passado, enquanto as consultas ao Usecheque – relativas a negócios a vista – aumentaram 7,3%. “O intenso esforço promocional vem permitindo ao comércio manter o ritmo de crescimento”, afirmou o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos.

A comparação de janeiro com o ano de 2004 mostra que as vendas continuam boas. Mas o destaque fica para o comércio a vista. Segundo o economista do Instituto Gastão Vidigal, Emílio Alfieri, a média das vendas por crediário em 2004 foi de 6%, e o comércio a vista ficou com 2,2%. “Mudou o ritmo do comércio: o crescimento do uso do cheque, que vinha se mantendo no patamar de 2%, subiu para 7%, isto é, as pessoas estão comprando coisas baratas”.

Verão – Para Alfieri, a chegada do verão impulsionou esse movimento. “Roupas, biquinis, chinelos, cerveja e tudo que for relacionado ao calor está vendendo bastante. Mas são produtos de preço baixo”, explicou o economista.

Em relação a dezembro, ambas as formas de consulta caíram. O SCPC ficou com -24,2% e o Usecheque, -39,0%. Os números, porém, não surpreendem, pois a queda pós-Natal sempre fica em torno de 30%.

Futuro – Para a próxima quinzena, os especialistas não estão tão otimistas. Se o Comitê de Política Monetária (Copom) subir novamente a taxa de juros (Selic), o aumento deverá ser repassado ao consumidor, que irá frear futuras aquisições. “Se ocorrer nova alta, o repasse será inevitável, com reflexos não apenas sobre os custos do crediário, mas também sobre os prazos”, afirmou o presidente da ACSP.

Afif disse, ainda, que o crescimento das vendas não tem pressionado a inflação. “O que tem provocado a alta da inflação são os preços administrados, que continuam subindo acima dos demais. Isso provoca a transferência de renda para alguns setores beneficiados e para o próprio governo, cuja receita tributária também sobe”, argumentou.

Inadimplência – Em relação à inadimplência, os consumidores continuam tentando pagar suas contas, entretanto, não no mesmo ritmo de dezembro. “No final do ano tem o 13º salário, que permite que as pessoas paguem as contas sem saírem do orçamento. Em janeiro isso acaba, mas podemos notar que a disposição em sanar as dívidas permanece a mesma”, explicou o economista Alfieri.

Na primeira quinzena de janeiro, a ACSP recebeu 152.844 registros, 4,4% a mais que no ano passado e menos 2,9% se comparado a dezembro de 2004. Os registros cancelados somaram 137.629, isto é, 19,6% a mais que no mesmo período de 2004 e 28,9% a menos que em dezembro último.

“O ritmo voltou ao normal, com o número de novos registros superando o de cancelados, mas em um patamar melhor que nos anos anteriores”, afirmou Alfieri. Apenas em dezembro passado, a quantidade de cancelamentos superou a de recebimentos.

Fernanda Pressinott