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2004 deve ser o melhor ano da indústria desde 1986

Guarulhos, 12 de janeiro de 2005

Apesar da queda na produção industrial em novembro, a perspectiva é que a produção industrial obtenha em 2004 o melhor desempenho anual desde 1986, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2003, a indústria apresentou crescimento de apenas 0,3%. Segundo o instituto, o desempenho no ano passado não se trata apenas de uma retomada de patamar, mas de uma expansão significativa da atividade industrial. Isto porque há quinze meses a indústria apresenta crescimento na comparação do resultado mensal contra o mesmo mês do ano anterior. Em novembro, a produção cresceu 8,1% em relação ao mesmo mês de 2003.

A última vez que a indústria apresentou uma seqüência tão longa de expansão neste tipo de comparação foi em junho de 2001, quando o setor interrompeu uma série de 22 taxas positivas.

Ao longo do ano, a produção industrial foi puxada pelo desempenho dos segmentos de bens de capital (máquinas e equipamentos), que acumulam alta de 19,9% até novembro, e de bens de consumo duráveis (como carros e eletrodomésticos), com expansão de 21,7%.

O crescimento focado em bens de capital foi uma das marcas da expansão deste ano. Ele reflete a realização de investimentos na própria indústria e o aumento da capacidade instalada.

Em novembro, esse perfil começa a dar sinais de mudança, com a desaceleração dos setores que apresentaram maior expansão e uma recuperação do segmento de não-duráveis (como alimentos), cujas variações estão mais relacionadas a emprego e renda.

No ano, a indústria acumula alta de 8,3%. A última vez que a produção apresentou desempenho superior foi em 1986, quando houve expansão de 10,93%. Caso a estimativa do IBGE se confirme, esse será o maior crescimento da produção industrial desde o Plano Cruzado.

Desde a década de 90, o crescimento mais significativo da produção industrial foi verificado em 1994. Mesmo num ano marcado pelo aumento do consumo no mercado doméstico e pelo crescimento da produção industrial, a expansão chegou apenas a 7,6%.

Mercado interno

A queda da produção industrial de 0,4% em novembro sobre outubro foi puxada pela desaceleração dos setores que vinham liderando a expansão da atividade industrial, como bens de consumo duráveis (fogões, geladeiras), bens de capital (máquinas e equipamentos) e bens intermediários (insumos, produtos químicos, combustíveis). Em contrapartida, houve uma reação dos bens de consumo não duráveis.

“Esse índice sugere o início de uma relevância maior do mercado interno na composição do desempenho industrial”, afirma Silvio Sales, chefe da Coordenação da Indústria.

Isso porque o setor de não-duráveis é mais dependente da massa salarial e da demanda interna. Já o setor de duráveis está relacionado à oferta de crédito e a exportações.

Na comparação do desempenho de novembro de 2004 com novembro de 2003, o setor de não duráveis apresenta a taxa mais próxima do da indústria em geral. Enquanto o setor cresceu 6,6%, a indústria brasileira registrou expansão de 8,1%.

Segundo Sales, os bens intermediários foram afetados no ano pela queda na produção de petróleo e gás. Na comparação de novembro contra o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 1,7%. De janeiro a novembro, a queda chega a 3,3%. Uma das principais causas da redução foram as paradas programadas para manutenção realizadas no primeiro semestre pela Petrobras.

Essa mudança no perfil do crescimento da atividade industrial pode significar um aumento no nível de emprego industrial. “As empresas do setor de bens de consumo não-duráveis empregam mais do que as exportadoras”, disse.

Janaina Lage