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Consumidor começa a desanimar com a economia

Guarulhos, 03 de dezembro de 2004

A alta dos juros, aliada à acomodação no desempenho da indústria e a incerteza sobre os rumos da inflação e do mercado de trabalho, levaram a uma queda no otimismo do consumidor em novembro ante outubro. O resultado interrompe um período de melhora nas expectativas iniciado em julho. A conclusão consta da Sondagem das Expectativas do Consumidor, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo o coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo, já em outubro a retomada da confiança mostrava sinais de que poderia ser revertida. “O otimismo era cauteloso e não eufórico. Não acredito que esse resultado vá se repetir em dezembro, pois a economia mostra sinais favoráveis.”

Os dados da Sondagem ainda não são suficientes para afirmar se a atual expectativa pode afetar as vendas de Natal.

De acordo com Campelo, foram generalizadas as respostas desfavoráveis em quatro das cinco perguntas relacionadas à situação econômica (tanto do País quanto da família) e foram menos otimistas em cinco dos seis quesitos sobre a situação econômica futura.

Piora – Um dos dados mais negativos da pesquisa foi que 21,7% informaram piora na situação econômica atual do País, em relação aos últimos seis meses. Em outubro, esse percentual era de 21,4%. Ao mesmo tempo, a quantidade de pessoas que confia numa situação futura melhor diminuiu (de 17,2% para 15,9%). Para os próximos seis meses, 12,4% acreditam em situação pior que a atual, ante 9,9% em outubro.

A influência negativa do retorno do aumento dos juros básicos (taxa Selic) pode ser verificada na menor intenção de compras de bens de alto valor, como eletrodomésticos, carros ou imóveis. Para 53,6% dos pesquisados serão menores os gastos com bens de alto valor nos próximos meses, ante 48,9% na sondagem de outubro. “A elevação dos juros provoca um encarecimento do crédito no curto prazo”, comentou o economista.

Trabalho – Houve ainda piora das expectativas do consumidor em relação ao mercado de trabalho. A pesquisa mostra que 49% informaram que será mais difícil conseguir trabalho nos próximos seis meses, sendo que esta parcela era de 46,7% na sondagem em outubro. Ao mesmo tempo, o percentual de pessoas que espera ter mais facilidade de conseguir trabalho foi reduzida de 15% para 14,4%.

Para Campelo, isso não é pessimismo, mas um fenômeno que também ocorre com a inflação: houve melhora nesse setores, mas aquém das expectativas, o que gerou incerteza.