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BC inicia ciclo de alta de juro com aumento de 0,25 ponto

Guarulhos, 16 de setembro de 2004

Na primeira alta de juro desde fevereiro de 2003, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou nesta quarta-feira, 15,  em 0,25 ponto percentual a taxa básica, de 16% para 16,25% ao ano, e deixou claro que irá promover novos apertos na política monetária nas próximas reuniões. “Com a decisão, o comitê dá início a um processo de ajuste moderado da taxa básica, de forma que a trajetória de inflação não prejudique a recuperação da renda real, preservando, assim, o crescimento sustentado da economia”, diz comunicado divulgado após a reunião.
 
A decisão não foi unânime. Cinco membros votaram por uma elevação de 0,25 ponto na taxa Selic, enquanto três queriam uma alta 0,5 ponto, o que revela que o Copom se dividiu entre um grupo que preferia um tratamento de choque, para recuperar a credibilidade da política monetária, e os que advogavam uma estratégia gradualista.

Essa foi a primeira alta desde fevereiro de 2003, início do governo Lula, quando o BC elevou os juros de 25,5% para 26,5% para combater a crise desencadeada pelas eleições presidenciais. A taxa é hoje a mais alta desde 14 de abril passado, quando o Copom cortou os juros de 16,25% para 16%. Na decisão, não foi adotado nenhum tipo de viés à taxa, o que significa que ela permanecerá em 16,25% pelo menos até o próximo encontro do Copom, em 19 e 20 de outubro.

A alta de juros, embora tenha sido uma das mais sinalizadas pelo Copom, irritou as entidades empresariais e, pelo dissenso interno, surpreendeu analistas. A Fiesp acredita que o anunciado ciclo de alta da Selic poderá frear a decisão de investimento produtivo por parte dos empresários. O economista-chefe do Banco Pátria, Luis Fernando Lopes, diz que o placar apertado, de 5 a 3, revela uma divisão interna propícia a tensões nos mercados. “O BC parece mais preocupado com a inflação do que o mercado vinha imaginando”, diz. A ata do Copom, a ser divulgada dia 23, será crucial para definir as novas expectativas.

Alex Ribeiro e Luiz Sérgio Guimarães