Notícias

Varejo: recuperação a passos lentos

Guarulhos, 02 de setembro de 2004

As vendas no comércio continuam registrando crescimento, embora em ritmo mais lento. Em agosto, as consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), que refletem os negócios a prazo, tiveram aumento de 12,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. Mas, em relação ao mês de julho, houve uma queda de 1,8%. Já no Usecheque, que mede as vendas a vista, não houve alteração na comparação com 2003, mas a exemplo do SCPC, o movimento caiu 1,6% sobre julho.

Na avaliação do presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, o resultado mostra que as vendas de bens duráveis, que dependem do crediário, mantiveram em agosto o bom desempenho dos meses anteriores comparativamente a idêntico período do ano anterior, apesar de apresentarem ligeira desaceleração em relação a julho. “Embora a base de comparação do ano passado seja fraca, todos os indicadores demonstram recuperação da economia, puxada inicialmente pelas exportações e depois pelo crédito”, lembra Afif Domingos.

Opinião semelhante tem o economista do Instituto de Economia Gastal Vidigal, da ACSP, Emílio Alfieri. Ele diz que, embora o resultado sobre o ano anterior seja bastante “robusto”, ainda não dá para usá-lo como projeção para os próximos meses, especialmente para o final de 2004. A exemplo do que disse Afif, o motivo é a base de comparação. “O ritmo de vendas ainda é bom, quando comparado a 2003, mas, a partir de agora, o crescimento deve desacelerar. Prova disso é que sobre julho as consultas ao SCPC já apresentou até uma pequena redução”, explica Alfieri.

“Só será possível saber se o crescimento irá se consolidar a partir de outubro, quando a base de comparação estará mais equilibrada, pois foi a partir daquele mês que o consumo começou a se recuperar no ano passado”, complementa o economista da ACSP.

Vendas a vista – Quanto à queda nas vendas de não duráveis, Afif diz que, embora o clima tenha permanecido frio em boa parte do mês – o que puxou as transações em julho -, o varejo praticamente não dispunha de estoques de artigos de inverno, o que explica o resultado fraco do UseCheque.

O presidente da ACSP se diz preocupado com a elevação das taxas de juros ao consumidor, movimento que teve início após a divulgação do relatório do Comitê Monetário (Copom), sinalizando a possibilidade de aumentar a taxa Selic. Para ele, uma alta dos juros neste momento poderá comprometer o ritmo da recuperação, sobretudo a contratação do comércio para o final do ano. “Da mesma forma que não reduziu a Selic quando o cenário era favorável, entendemos que não há razão para que o Copom promova uma elevação agora”, afirma.

Guilherme Afif Domingos espera que sejam tomadas medidas que permitam a redução do spread bancário para consolidar a reativação, ainda tímida, do emprego e da renda. Uma delas, já anunciada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a de criar condições para que os cadastros positivos possam funcionar.

Inadimplência – No mês de agosto, os registros recebidos de inadimplentes cresceram em 8,2%. Mas, também, os cancelados subiram 9,5%, o que demonstra que a inadimplência está estabilizada.

Patrícia Büll