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Mercado reage com apatia à manutenção dos juros

Guarulhos, 19 de agosto de 2004

Pelo quarto mês consecutivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 16% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira, 18, após dois dias de reunião, já era esperada pelo mercado.

Em nota, o Comitê deixou claro que a decisão mirou mais uma vez a inflação. “Tendo em vista as perspectivas para a trajetória da inflação, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa Selic em 16% ao ano sem viés”, dizia o texto. Ou seja, não será mudada até a próxima reunião, em setembro. Na avaliação de economistas, a preocupação permanente com a inflação praticamente coloca um ponto final nas expectativas de corte dos juros neste ano.

“Justamente pelo curto espaço para um corte dos juros, o governo tem de atuar agora para uma redução dos spreads (diferença entre a taxa básica de juros e as taxas cobradas pelos bancos em empréstimos)”, disse o economista Marcel Solimeo, diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Na avaliação do presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, a redução dos spreads, poderia vir em forma de medidas adotadas pelo Banco Central, com a redução dos compulsórios, como também por parte do Fisco, com menor tributação das operações de crédito e a aprovação pelo Congresso de legislação que permita a implantação do Cadastro Positivo, além de maior concorrência entre os bancos.

Patamar elevado – A Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lamentou, em nota, que o Brasil tenha estacionado em um patamar “anormalmente alto para os juros”. “Estamos perpetuando uma anomalia. Pior, os dirigentes do Banco Central vêm adicionando à sua decisão de manter os juros ameaças de fazê-los subir em futuro próximo, favorecendo uma alta dos juros de longo prazo”, acusou a nota.

A manutenção também foi criticada pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv), Marcos Andrade, para ele, manter novamente a taxa em 16% ao ano, ainda que esperada pelo mercado, representa uma dose de desânimo para os fornecedores de equipamentos ao varejo justamente num momento de retomada dos negócios. Ele diz que o reaquecimento dos negócios gera a necessidade de capital de giro, que é escasso e caro.

Adriana Gavaça