Notícias

Espionagem: Governo vai tomar medidas

Guarulhos, 23 de julho de 2004

A Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica (Secom) da Presidência da República, pediu ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para acompanhar os desdobramentos do que considera “espionagem” feita pela empresa Kroll Associates, encomendada pela operadora de telefonia Brasil Telecom. O chefe da Secom, Luiz Gushiken, considerou ilegal a investigação e disse que tomará as medidas jurídicas pertinentes à ocorrência de “flagrante desrespeito constitucional”. Contratada para investigar a Telecom Itália, a Kroll espionou o governo e Gushiken, que teve os endereços eletrônicos monitorados.

As informações sobre a arapongagem, publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo, preocuparam a administração federal. A Brasil Telecom, controlada pelo banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, e a Telecom Itália vivem uma disputa fratricida há quase dois anos. Atualmente, o Opportunity tenta vetar o retorno dos italianos ao controle da empresa de telefonia.

Governo sabia – O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que o governo sabia, desde janeiro, que a Brasil Telecom realizava espionagem no País contra concorrentes e autoridades. A descoberta deu-se quando a Polícia Federal (PF) investigava a falência da indústria alimentícia Parmalat. Na ocasião, segundo Bastos, a PF abriu um inquérito e, em março, chegou ao nome da Kroll.

A Nova frente – A PF abriu uma nova frente de investigação para apurar a denúncia de que a espionagem atingiu integrantes do primeiro escalão da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Justiça afirmou que não pode revelar qualquer detalhe da investigação porque ela se encontra sob sigilo de Justiça. “Gostaria de contar a vocês detalhes picantes, mas, infelizmente, eu só tenho generalidades para vocês”. Espionagem é crime, afirmou Bastos. Feita com uso de equipamento eletrônico, como computadores, tem agravantes. “Trata-se de um fato grave”.

O governo avalia que a espionagem chegou ao chefe da Secom – definido pela Kroll como alvo de “máxima prioridade” – e também ao presidente do Banco do Brasil (BB), Cássio Casseb, porque eles orientaram cinco fundos de pensão de estatais, acionistas da Brasil Telecom (Sistel, Telos, Funcef, Petros e Previ), a destituírem o Opportunity da gestão do Fundo CVC, que controla a empresa. Para o Planalto, seria uma espécie de “revanche”. A Secom fez uma “varredura” no gabinete de Gushiken e nos dos assessores dele, mas não encontrou grampos telefônicos.