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Liquidação de inverno chega mais cedo

Guarulhos, 20 de julho de 2004

O frio inusitado dos meses de maio e junho trouxe boas vendas para o varejo e mais um novo fenômeno: a liquidação de produtos de inverno em plena estação de compras. As tradicionais queimas de estoque de inverno, que nos anos anteriores aconteceram a partir do mês de agosto, agora já povoam as lojas.

E não porque sobram produtos. Sem os estoques encalhados dos anos anteriores, os lojistas utilizam a liquidação como um artificio para o pré-lançamento da nova coleção primavera-verão, e também para alertar os clientes de que o inverno este ano acabou mais cedo.

“Nos últimos anos nós rezamos para fazer frio e agora estamos rezando para esquentar; do contrário, seremos pegos de calça curta”, afirma Paulo Tavares, diretor de marketing e produtos de uma rede de lojas de moda masculina. Apostando que é melhor deixar de ganhar mais com a venda de produtos de inverno e tentar atrair clientes com as novidades da próxima estação, a rede de lojas lançou esta semana a sua liquidação de inverno, com produtos até 50% mais baratos. A campanha vai até o dia 6 de agosto.

Segundo Tavares, o frio atípico trouxe um aumento de até 30% no tíquete médio da loja, que hoje é de R$ 180: “O frio coincidiu com o Dia dos Namorados, o que incrementou ainda mais nossas vendas. Além disso, percebemos que os clientes nos últimos três anos não consumiram peças de inverno”. No entanto, a liquidação deste ano está longe de ser tão farta quanto a dos anos anteriores.

Não foram somente as lojas de vestuário que começaram suas liquidações mais cedo. Uma rede de calçados há duas semanas abriu sua liquidação de inverno. De acordo com Sabina Donadelli, diretora da empresa, o motivo é simples: “Ninguém tem condições de repor os produtos de inverno, que são mais caros e demoram mais para ser produzidos. Por isso as lojas vão apostar em lançar as coleções mais cedo”.

Para Jacqueline Abud, diretora de uma rede de moda feminina, não foi só o frio que mexeu com as vendas de inverno: “Além do frio, entramos em liquidação este mês também para acompanhar o calendário de moda brasileiro, antecipado pela São Paulo Fashion Week”. A executiva afirma que cada vez mais a moda brasileira se adequa aos padrões internacionais, o que traz um problema muito grande para a reposição de produtos: as tecelagens estão com dificuldade de acompanhar a demanda de produtos antecipados e vem atrasando os pedidos.

“É uma pena que exista toda esta antecipação, porque se a gente conseguisse trabalhar em cima do nosso clima, não tão ligado ao calendário americano e europeu, todo o comércio teria um resultado mais positivo”, afirma ela.