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Marca Brasil ganha destaque no exterior

Guarulhos, 02 de junho de 2004

O Brasil está na moda e não é por causa da música nem da habilidade de nosso futebol. Exemplo disso é o projeto Brasil 40 Graus, que começou, no último dia 4, a promover produtos brasileiros na loja de departamento Selfridges, em Londres, Inglaterra. A exposição, uma parceria da loja com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex-Brasil) e da Embaixada do Brasil em Londres, encerrou no dia 31.

Seguindo caminhos como esse, os produtos “made in Brazil” ganham visibilidade e nosso design faz sucesso no exterior, abrindo oportunidades de negócios em segmentos como a confecção de moda praia, produção de jóias, calçados, cachaça e pedras ornamentais. De olho nas exportações, é possível entrar nesses segmentos com investimentos que vão de R$ 40 mil a R$ 1,5 milhão. Para exportar, o associativismo é a melhor forma.

Este foi o caso dos produtores de biquíni de Cabo Frio, na Região dos Lagos, que atraem europeus e americanos pela sensualidade e a variedade de cores. Há três anos, com apoio do Sebrae/RJ, sete empresas formaram o Pau Brasil, consórcio exportador. Para Ielra Viter, sócia da Enseada da Praia, integrante do Pau Brasil, a importância da exportação vai além de acabar com a sazonalidade das vendas. É a chance, segundo a empresária, de alavancar o setor e permitir novos investimentos.

– Investindo num estilo próprio, é possível fidelizar clientes lá fora. Além disso, a marca própria aumenta o valor do produto e nos dá visibilidade – afirma Ielra, que exporta 35% de sua produção, principalmente para a Europa.

Para atender a pedidos maiores dos importadores, as empresas do consórcio dividem a produção. “Para exportar é preciso atender a todos os pedidos. Em conjunto, os obstáculos burocráticos da exportação também são mais facilmente superados”, completa. Embora a marca seja importante, Ielra ressalta que a venda sem marca, para revendedores em outros países, muitas vezes é o caminho para começar a exportar.

Outro setor beneficiado pelo sucesso da marca Brasil é o joalheiro, cujas exportações cresceram 50% de 2000 ao ano passado, segundo Hécliton Santini Henriques, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). Para ele, diante da queda da renda no País, as exportações são “o vetor dinâmico”, representando, atualmente, 20% da produção nacional. A Ganish começou a exportar há quatro anos, em um consórcio com quatro empresas atuantes, liderado pela Ajorio, com apoio da Apex. Segundo seu proprietário, Leonardo Baptista, 10% da produção são exportados e o mercado externo é a única saída para o crescimento do setor, devido às condições da economia brasileira.

No mercado externo por conta própria

Se o esforço for por conta própria, sem a estrutura de uma associação, o processo é ainda mais complicado. Eduardo Pólo, presidente da Givit, produtora de calçados femininos de Franca, em São Paulo, começou a divulgar a marca na Europa há três anos. Segundo ele, fazer contato direto com canais de distribuição demora e depende de participação em feiras e viagens ao exterior, porém: “É a maneira de saber sobre as tendências. Hoje, estamos preparando a coleção do Verão 2005 europeu”, diz Pólo, que exporta 65% dos 1,3 mil pares produzidos por dia.

Segundo o empresário, antes de buscar espaço para sua marca, negociando direto com as redes de varejo européias, foi preciso começar pela venda sem marca. “Para os Estados Unidos, ainda hoje, vendemos sem marca, via canais importadores, que fazem leilões aqui para comprar produtos com melhores preços”, explica Pólo. O mercado e uropeu, completa ele, é mais aberto à marca brasileira, muito devido ao tradicional culto à moda.

No ramo de bebidas, a exportação do produto tradicionalmente brasileiro, a cachaça, ainda é pequena. A produção média é de 1,3 bilhão de litros ao ano, mas, em 2003, apenas 8,6 milhões de litros foram exportados. No entanto, o potencial de crescimento é grande, pois o trabalho de promoção da bebida, que começou há três anos, já começa a dar resultados. Segundo Maria José Miranda, diretora da Abrabe, a cachaça já é mais conhecida no mercado internacional. “Ela já é vista como uma bebida típica do Brasil. Mas o produto ainda é desconhecido dos consumidores de bebidas como uísque, vodca e tequila, nossos principais concorrentes”, afirma.

Maria José ressalta mudanças no tipo de exportação, que já abre espaço para os pequenos produtores. Essa diversificação força os produtores a investirem em qualidade, para se adequarem aos padrões dos países desenvolvidos.

Vinicius Neder

Texto extraído do site www.jornaldocommercio.com.br