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Proposta de “pacto nacional” divide o governo

Guarulhos, 18 de maio de 2004

A proposta feita na semana passada pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de um “pacto de união nacional” para enfrentar uma possível crise externa nos próximos meses, dividiu os meios políticos e empresariais. Ministros como Celso Amorim, das Relações Exteriores, e Guido Mantega, do Planejamento, além do presidente do PT, José Genoino, aplaudiram a iniciativa de Dirceu. No entanto, ela não chegou a entusiasmar empresários, foi contestada pelo secretário do Tesouro, Joaquim Levy, e houve até quem visse no gesto do ministro-chefe da Casa Civil um ato deselegante contra o ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

“Temos que ter planejamento de contingência”, justificou o ministro Celso Amorim, ao concordar com a idéia de que o Brasil tem de estar preparado para uma crise externa. Amorim lembrou que essas decisões de preparação para uma crise não cabem a tecnocratas. “Não são decisões tecnocratas. São decisões políticas e têm que ter a sociedade por trás delas”, disse o ministro.

Para Guido Mantega, “Dirceu está falando como uma precaução de algo que pode piorar ou não”, afirmou. Ele disse estar otimista em relação à situação do mercado porque, na sua opinião, “já estamos vivendo o pior” – referindo-se à reação do mercado que, segundo ele, está antecipando um possível aumento de juros nos EUA, influenciado por um “movimento especulativo” que afeta os preços do petróleo no mercado internacional.

Genoino procurou dar um sentido prático imediato à idéia, trocando a idéia de pacto por outra, de acordos pontuais. Para ele, certos temas “podem ser tratados com todos os partidos, com todas as forças políticas e econômicas”. O presidente do PT entende que esse pacto nada mais é do que a retomada do “clima de negociação” entre governo e oposição para a votação de matérias importantes para o país. “O ambiente de paralisia do Congresso não é bom”, disse o petista. “É preciso diminuir o clima de guerra com a oposição”, completou Genoino, usando como exemplo os acordos obtidos no ano passado.

Nesta segunda-feira, 17, o próprio Dirceu divulgou, através de assessores, uma nota explicativa esclarecendo que “a política deve ajudar a economia a superar as dificuldades” e nesse sentido é importante a aprovação dos projetos da Lei de Falências e de Parceria Público-Privada no Congresso”.