Notícias

Preço de carro deve subir até 6% em março

Guarulhos, 27 de fevereiro de 2004

Com o fim do acordo de redução do IPI (Imposto de Produtos Industrializados) entre as montadoras e o governo federal em fevereiro, os preços dos carros “populares” e médios devem ser reajustados entre 3% e 6%, em média, a partir da próxima semana.

No fim de novembro do ano passado, o Ministério da Fazenda aceitou prorrogar de dezembro para o dia 29 de fevereiro o corte do IPI em três pontos percentuais, mediante compromisso das montadoras de não reajustar os preços dos automóveis e manter o nível de emprego nas fábricas.

O IPI dos veículos de até mil cilindradas volta ao patamar de 9% de agosto -quando entrou em vigor o acordo de redução. O imposto aplicado sobre os preços dos carros de mil a 2.000 cilindradas volta a ter as alíquotas de 10% (comerciais leves), 13% (veículos movidos a álcool) e 15% (veículos movidos a gasolina).

Empresários ligados às montadoras e consultores informam que o repasse integral dos três pontos percentuais será imediato para as concessionárias. Mas acreditam que os reajustes possam chegar a 6% por causa dos aumentos dos custos dos fornecedores de aço, borracha e outros componentes, repassados para as indústrias no início do ano.

Siderurgia

O setor siderúrgico, por exemplo, que fabrica o aço, um dos principais itens utilizados na produção de carros, pleiteia um aumento entre 12% e 15% nos preços do insumo. Segundo o consultor da Booz Allen Hamilton para o setor automotivo, David Wong, um aumento de custo nesses patamares para as montadoras representa aumento de até 3% no preço final do veículo.

“Cada montadora tem uma negociação com as siderúrgicas e outros fornecedores. Quem ainda está em fase de negociação deve diluir os aumentos até abril”, avalia Wong.

Para Claudio de Simone, da Agência AutoInforme, o consumidor não vai comprar se o repasse for feito de uma única vez.

A Fiat, por meio de sua assessoria, confirmou o repasse integral da reposição do IPI. Mas diz não saber informar ainda qual será o tamanho do reajuste provocado pelo aumento do custo do aço, porque as negociações estão em andamento. Em fevereiro, a montadora já havia dado reajuste de 2% para os carros de sua linha.

No caso da Ford, os aumentos devem ficar entre 2,8% e 3%, dependendo do modelo. Nos meses seguintes, a montadora deve “diluir” os reajustes dos insumos em sua tabela.

Procura

“A procura não está suficientemente aquecida para que as montadoras promovam novos reajustes. Mas os aumentos serão feitos assim mesmo a partir do dia 1º de março”, afirma Hugo Maia, presidente da Fenabrave (entidade que reúne distribuidores de veículos).

Em janeiro, os preços médios dos carros zero-quilômetro aumentaram 4,1% -o maior reajuste em um só mês desde 1999, segundo a Agência AutoInforme.

Os aumentos foram efeito do repasse dos dissídios dos trabalhadores, que ocorreram em outubro do ano passado (18%). Durante todo o ano de 2003, os aumentos nos preços dos veículos não superaram 5,3%, diz a agência.

Denise Carvalho/Claudia Rolli