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Empresas treinam mais e gastam menos

Guarulhos, 29 de dezembro de 2003

ArtePesquisa sobre RH revela também as principais preocupações em 2004

As empresas brasileiras gastaram menos dinheiro com treinamento e desenvolvimento (T&D) de seus funcionários entre 2001 e 2002 – mas o tempo de treinamento aumentou. Essa é uma das principais conclusões de um estudo do centro de pesquisas em gestão de capital humano Saratoga Institute Brasil, feita com 101 empresas de 12 diferentes ramos de atividade. No período, as empresas investiram 8% a menos em T&D. Já o tempo gasto com esse treinamento foi 8% maior.

“As empresas passaram a fazer mais treinamento interno e se apoiar menos em consultorias para diminuir o custo”, diz Jaqueline Ortiz, gerente responsável pela pesquisa. “Outra explicação é a concentração de treinamentos nas áreas operacionais, que também custam menos.”

A tendência de corte nos custos de T&D vem desde 2000. Mesmo assim, as empresas ainda gastam mais que no final da década de 90. Os setores que mais investem em T&D por empregado, de acordo com a pesquisa, são o químico e petroquímico (em média 1.377 reais por empregado ao ano) e o setor bancário (1.343 reais, em média). A média geral foi de R$ 936,00 por empregado por ano. “Coincidentemente os setores que mais investem em treinamento são também os de maior faturamento ou lucro”, diz Jaqueline.

O valor humano agregado – que avalia a produtividade de cada empregado para a empresa – também tem aumentado ao longo dos últimos sete anos. Em 1995, cada funcionário agregava, em média, cerca de R$ 94,000 para a empresa. No ano passado, a média nas empresas pesquisadas subiu para R$ 337, 000. Antes de mais nada, esse número reflete o processo de enxugamento por que passaram as empresas no país. “Ele também reflete o aumento do faturamento líquido e a diminuição das despesas com fornecedores”, diz Jaqueline.

A importância do RH

A pesquisa do Saratoga Institute também detectou uma revalorização dos departamentos de recursos humanos. Na década de 90, a área foi uma das mais enxugadas das empresas: em 1995, a proporção de funcionários de RH era de 1 para cada 46, e foi caindo até chegar, em 1999, a 1 para cada 69 empregados. Hoje, a proporção subiu para 1 a cada 58. A sócia diretora do Saratoga, Rugenia Maria Pomi, tem uma explicação otimista: “O RH começou a fazer parte da estratégia da empresa.”

Provavelmente não chega a tanto. O aumento de funcionários de RH tem a ver com a explosão de ferramentas como coaching, pesquisa de clima, avaliação 360º nos anos 2000. “De repente, o RH ficou sobrecarregado”, diz Jaqueline. “Isso pode explicar a maior valorização da área.”

O foco em 2004

Entre 2002 e 2003, houve uma mudança grande na orientação do trabalho do RH. Estiveram em alta os projetos de sistemas de informações de gestão de pessoas (em 2002, 22% das empresas tinham esses projetos, e em 2003 a taxa passou para 48%), planos de carreira e sucessão (um salto de 38% para 53%), treinamento à distância (de 24% para 33%) e retenção de pessoas (de 30% para 39%). Em baixa andaram os projetos sobre gestão de custos, terceirização e programas de estagiários e trainees.

Segundo os executivos de RH consultados pela pesquisa, o tema-chave da área em 2004 será a gestão por competência – 38% dos profissionais disseram ser esta sua maior preocupação. Em seguida, surgiram temas como Carreira e Sucessão (34%), Desenvolvimento de Liderança (31%), Clima Organizacional (27%) e Compromisso dos gestores na gestão de pessoas (25%).

Daniela Diniz