Notícias

Selic: comércio e indústria pedem corte

Guarulhos, 17 de dezembro de 2003

Comércio e indústria esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) volte a reduzir hoje a taxa básica de juros (Selic) em pelo menos 1,5 ponto porcentual. O que remeteria os juros para 16% ao ano. O novo corte é visto como um presente de Natal que empresários e comerciantes esperam do governo. Não sem motivo.

A Selic é usada como referência para a formação de outras taxas de juros e um corte, apesar de não ter impacto direto no bolso do consumidor, teria, ao menos, um efeito psicológico positivo. Juros menores são um sinal de que a economia do País vai bem. Também pode ser entendido que, no curto prazo, o custo da operações de crédito caiam também.

Crédito mais barato ajuda o comércio a vender mais. Com mais vendas, as encomendas à indústria aumentam. Com uma produção industrial maior, a economia gira mais rápido e o País ganha.

Crescimento – A expectativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) é de que dezembro feche com um crescimento de 2% nas vendas em relação a igual período do ano passado. “Esse número pode variar conforme o resultado de hoje do Copom”, diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri.

Alfieri lembra que, historicamente, o volume de vendas é maior após o dia 20, quando é paga a segunda parcela do décimo-terceiro salário. “O dia 23 é, em geral, o dia em que os brasileiros mais compram”.

Empurrão – Para o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-SP), Walter Machado de Barros, uma redução da Selic acima da expectativa do mercado, de 1 ponto porcentual, pode ser o empurrãozinho extra de que a economia precisa para crescer neste momento.

O economista se diz frustrado com o patamar atual da Selic. Barros diz que a alta taxa é um dos principais agentes que contrários ao crescimento da economia neste ano.

“A inflação controlada, o risco-país em queda e a estabilidade do câmbio custaram caro à nação. O PIB de 0,4% esse ano traduz a recessão da economia, assim como a queda brutal da renda média, o alto índice de desemprego e de ociosidade da indústria”, diz.

Mais vendas – O presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Ricardo Malcon, também vê espaço para uma queda maior da Selic. “Já houve reduções bem significativas nos últimos meses, mas uma queda de 1,5 ponto poderia favorecer as vendas de Natal, que ainda estão fracas”, diz.

José Romélio Vieira, diretor da Associação Nacional das Empresas Financiamento das Montadoras (Anef), não vê a redução do juro como um incentivo ao seu setor. “É claro que ajuda, mas quem pensa em comprar um veículo quer ter certeza de que o País vai bem, o que nem sempre é percebido só com a redução dos juros.

Adriana Gavaça