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Comércio usa a criatividade para atrair clientes

Guarulhos, 17 de outubro de 2003

ArteAmargando nove meses de vendas em queda, bebida, comida e até música são as novas armas dos comerciantes para tentar melhorar os resultados das vendas. Eles estão apelando também para outros truques, ainda mais engenhosos – a idéia é segurar o consumidor por mais tempo dentro da loja.

No comércio, o pequeno consumidor é um aliado e recebe tratamento especial em um supermercado. O resultado deste comportamento foi medido pela Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP).

Sessenta por cento dos pais que vão aos supermercados com os filhos gastam mais do que o planejado e podem ter a despesa aumentada por um pequeno truque do comércio: a precificação psicológica. Os números quebrados como 1,99. Segundo a pesquisa, eles atraem os compradores.

“Quase 70% das pessoas ouvidas nesta pesquisa disseram que o preço quebrado indica produto em promoção”, explica o professor de economia Cláudio de Ângelo.

Há também outras maneiras de engordar as vendas, com docinhos, cafés e refrigerantes.

“É que nem ponte aérea. Você não curte entrar no avião e ter um lanchinho? É mais ou menos isso”, observa a comerciária Sílvia Saprudsky.

O consumidor fica relaxado, olha mais produtos e compra uma coisinha a mais.

“O tempo de permanência aumenta e passa de 15 a 20 minutos para mais de meia hora, 40 minutos, e às vezes passa até muito mais tempo”, diz o gerente de loja Ney Marinho.

Se a mulher vai fazer compras com o marido impaciente, a loja também tem uma solução: uma dose de uísque. O convite também inclui vinho Prosecco e champanhe para acompanhar as longas esperas… Para vender mais, todos os detalhes contam.

“Descobrimos que a música pode interferir muito na hora da compra. Existem músicas que, se você coloca, o cliente tem mais propensão a comprar, se sente mais descontraído, quer experimentar várias roupas e outras músicas são mais tranqüilas. Então isso tudo baseado também no período do dia. As músicas agitadas levam os clientes a comprarem mais”, constata a gerente de loja Ana Carina de Faria.

Notas que alimentam a alma e os negócios. Uma pesquisa da Universidade de Lester, na Inglaterra, mostra que a música clássica em restaurantes pode aumentar as despesas dos clientes em até 15%. O clima mais refinado encoraja o consumo de bebidas e de pratos mais caros.

“Eu acho que isso faz bem para a alma, faz bem para a mente e a comida vai digerir melhor também”, garante a economista Elisabeth Pinati. Ela pediu vinho tinto para brindar. Mas quem comemora é o dono do restaurante.

“Em épocas de crise, nossa única opção é usar a criatividade. É uma forma de diferenciarmos o nosso restaurante dos demais”, declara o sócio do restaurante Arnaldo Borges.

O cardápio musical do restaurante inclui obras de Beethoven, Mozart, Schubert e Mahler. Um repertório de dar água na boca!