Notícias

Produção industrial prenuncia fim da recessão

Guarulhos, 08 de outubro de 2003

A produção industrial brasileira cresceu 1,5% em agosto, em termos dessazonalizados, o maior avanço no ano. Na comparação com igual mês de 2002, houve queda de 1,8%, a quinta consecutiva, informou nesta terça-feira, 07, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se o nível de produção da indústria espelhar o comportamento da economia como um todo, tudo indica que o país encerrou o terceiro trimestre livre da recessão que caracterizou os primeiros seis meses do ano. A afirmação é do economista Silvio Sales, coordenador de indústria do IBGE.

A produção industrial pode até ficar estagnada em setembro, que, ainda assim, encerrará o terceiro trimestre com expansão de 0,2% sobre os três meses anteriores. A hipótese de estabilidade em setembro é considerada, contudo, “conservadora” por Sales, uma vez que a perspectiva é de novo aumento da produção industrial.

Por enquanto, a melhora é mais nítida nos bens de consumo duráveis, cuja produção aumentou 5,2% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado. Nos não-duráveis, mais afetados pelo desemprego e pela queda dos rendimentos dos trabalhadores, ainda não há indícios de recuperação. O declínio de 0,8% desta categoria em agosto foi o terceiro consecutivo na comparação com 2002.

Nos primeiros oito meses de 2003, o setor industrial teve queda de 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos 12 meses encerrados em agosto, a indústria acumula crescimento de produção de 1,7%.

Em agosto, dos 20 ramos pesquisados, 13 tiveram crescimento na comparação com julho. Entre os ramos com maior peso na estrutura industrial, destacaram-se com resultados positivos os de mecânica (2,9%), material de transporte (2,3%), têxtil (2,9%) e produtos alimentares (1,7%).

Com exceção da queda de 0,8% da produção de bens de consumo semi e não duráveis, todas as categorias de uso apresentaram expansão de julho para agosto. O maior crescimento foi dos bens de consumo duráveis, de 5,2%. Com isso, essa categoria acumula expansão de 8,2% no período entre junho e agosto.

A produção de bens de capital aumentou 1,5% e a de bens intermediários – fornecidos para os fabricantes finais e setor de maior peso na produção industrial – subiu 1,2%.

Comparações com 2002 mostram resultados negativos

Dos 20 ramos pesquisados pelo IBGE, 16 apresentaram resultados negativos em relação ao mesmo mês de 2002, com destaque para material elétrico e de comunicações (-8,3%), vestuário e calçados (-16%), farmacêutica (-22,9%) e minerais não-metálicos (-8,5%).

Entre as categorias de uso, apenas os bens intermediários não tiveram queda, ficando praticamente estáveis na relação com agosto de 2002 (0,1%). Os bens de consumo semi e não-duráveis retraíram-se 7,8%. Nos bens de capital, o declínio foi de 3,1% e nos bens de consumo duráveis, a produção diminuiu 3,8%.