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Copom reduz a Selic para 20% ao ano

Guarulhos, 18 de setembro de 2003

ArteO Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu nesta quarta-feira, 17, em dois pontos porcentuais a taxa básica de juros (Selic). Com o corte, a taxa passou dos 22% ao ano para 20%. Foi o terceiro corte consecutivo feito pelo Banco Central nos juros da economia. Apesar de o mercado financeiro aguardar por um corte dessa proporção durante toda a semana passada e início desta, alguns empresários consideraram tímida. Alguns chegaram a afirmar que o Banco Central poderia ter sido menos conservador e feito um corte de, no mínimo, 2,5 pontos porcentuais.

“No ano passado, o juro básico da economia estava em 18% ao ano. É verdade que ele vem caindo há três meses, mas a base de comparação ainda é divergente. Por isso, muita gente não entende por que as vendas continuam apresentando resultados negativos, apesar da redução dos juros”, diz o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Para Alfieri, havia espaço para um corte maior, de pelo menos 2,5 pontos. Na primeira quinzena do mês, segundo dados da ACSP, as vendas apresentaram queda de 1,7%.

Reversão – Justamente pela diferença na base de comparação dos juros de um ano para o outro, uma reversão no quadro negativo das vendas só é esperado para o próximo mês. Em outubro do ano passado, por causa do estresse pré-eleitoral, o Banco Central decidiu subir a taxa Selic de 18% para 21% ao ano.

“Por causa desse fator, só a partir do mês que vem é que os consumidores começarão a perceber uma redução no custo dos financiamentos. Porque até agora as reduções não tiveram quase nenhum efeito para o tomador final”, diz o presidente da Ordem dos Economistas de São Paulo e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, Synésio Batista da Costa.

Apesar de achar que havia condições técnicas para o Banco Central ter reduzido a Selic em três pontos, Costa diz que os dois pontos são muito positivos, ainda mais que vêm acompanhados de uma série de medidas de incentivo ao crédito. “O fato de o governo ter lançado um produto capaz de dar crédito a uma camada da população não atendida e permitir o desconto de empréstimos em folha, mostra que teremos mais dinheiro em circulação e disposição para compras nos próximos meses”.

Logo após a reunião, que terminou com trinta minutos de atraso, levando em conta o prazo previsto pelo governo, que era às 18 horas, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota lamentando a desaceleração no ritmo de queda dos juros. “Esperávamos uma redução de pelo menos 2,5 pontos”, dizia a nota assinada pelo presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva.

De acordo com a Fiesp, nas condições atuais, com taxa de desemprego próxima a 13% e com a economia patinando, reduzir os juros em apenas 2 pontos é uma decisão que pouco pode interferir sobre a confiança e sobre as decisões de consumo e investimento e que retarda o ciclo de crescimento que está para começar.

A redução da Selic em dois pontos reduziu os juros reais de 14,57% para 12,7%. Apesar da queda, esse nível ainda é muito elevado e continua acima dos 9% estimados pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como a taxa de equilíbrio no País.

Comércio também aderiu a cortes

O comércio reagiu rapidamente ao corte da taxa básica de juros (Selic) feito pelo Comitê de Política Monetária (copom) do Banco Central. Pelo menos quatro grandes redes de varejo de eletrodomésticos e móveis anunciaram a decisão de reduzir os juros ao consumidor.

Inadimplência – Para o vice-presidente da Acrefi, que reúne as financeiras, José Arthur Lemos de Assunção, as empresas do setor devem repassar o corte da Selic para o consumidor. Ele ressalva que a redução não será proporcional, por causa da inadimplência elevada.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, considera que o Banco Central desacelerou o ritmo de queda dos juros antes do tempo. Em nota divulgada, Piva diz que as indústrias esperavam uma redução de pelo menos 2,5 pontos porcentuais. “Nas condições atuais, reduzir os juros em apenas dois pontos retarda o ciclo de crescimento que está para começar.”

Adriana Gavaça