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Reforma: críticos voltam-se para o Senado

Guarulhos, 16 de setembro de 2003

ArteA votação em primeiro turno da reforma tributária na Câmara dos Deputados ainda não foi concluída, mas já há um movimento de empresários costurando estratégias para modificar no Senado pontos que consideram importantes para eliminar o risco de aumento de carga tributária.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, afirmou que vem mantendo frequentes conversas com senadores para discutir a proposta. Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Carlos Delben Leite, levará pessoalmente aos senadores, em Brasília, a proposta da entidade para a desoneração dos investimentos produtivos.

O coordenador do Grupo de Estudos da Reforma Tributária da Fiesp, Cláudio Vaz, pré-candidato à presidência da entidade, diz que um dos pontos mais críticos para a entidade é colocar na lei complementar à reforma um dispositivo que garanta aos senadores o papel de definir as cinco novas alíquotas de ICMS e também a classificação dos produtos sobre os quais cada alíquota vai incidir. Pelo texto aprovado até o momento, a classificação dos produtos será feita pelos secretários estaduais de Fazenda, por meio do Confaz.

Se ficar como está, o mais provável é que o Confaz procurará nivelar o imposto estadual pela alíquota máxima possível. “Esse é o risco de aumento da carga tributária que temos apontado”, afirma. Outro temor da indústria, caso a classificação de produtos ficar mesmo com o Confaz, é que os próximos governos não assumam o mesmo compromisso dos atuais. Se ficar nas mãos do Senado, entretanto, a medida se torna constitucional.

Vaz diz ainda que uma das questões mais complicadas da proposta é a sistemática de vendas entre os Estados. “O sistema proposto é complexo. Cria condições de antecipar pagamentos tributários e aumenta a confusão”, reclama. A Fiesp tem trabalhado com técnicos dos governos Federal e estadual para procurar limitar os prejuízos que São Paulo poderá ter por conta da transferência de recursos.

Já Delben Leite, da Abimaq, diz que todo o esforço da entidade junto ao Senado é concentrado na palavra zero. Ou seja, o texto atual diz que o IPI, por exemplo, “terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte”.

A indústria de máquinas e equipamentos trabalha para que a proposta defina que o imposto “terá reduzido a zero seu impacto…”. A Abimaq já teve algumas demandas atendidas no processo de elaboração da reforma, como o fim da cumulatividade da Cofins e a tributação do produto importado da mesma forma que o nacional.

Em relação à CPMF, a indústria vai defender que o imposto seja reduzido gradativamente de forma a deixar de ser um instrumento de arrecadação e passar a ser um mecanismo de fiscalização. Nesse caso, a alíquota pode ser de 0,01%, suficiente para fiscalizar. “Temos senadores muito qualificados, com experiência no Executivo. Estou segura de que avançaremos em relação à proposta atual”, finaliza a diretora do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas da Fiesp, Clarice Messer.

MPs – Antes de retomar a votação da reforma tributária, os deputados precisam aprovar ou rejeitar duas medidas provisórias. Uma trata da prorrogação do prazo para a adesão ao programa de recuperação fiscal (Refis II) e a outra MP autoriza a União a indenizar terceiros em caso de atentados terroristas.