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Brasil capta US$ 750 milhões no Exterior

Guarulhos, 12 de setembro de 2003

A recuperação da confiança dos investidores internacionais em relação à economia brasileira foi confirmada com a emissão de US$ 750 milhões em títulos do governo feita pelo Banco Central. O dinheiro ingressará no País na quinta-feira dia 18, reforçando as reservas brasileiras.

A operação, a quarta do ano, foi realizada a um custo considerado bastante favorável ao País e ainda em um momento em que o calote da Argentina ameaçava contaminar o fluxo de recursos para países emergentes, como o Brasil.

A sinalização positiva do apetite por papéis brasileiros dada com a emissão, deverá contribuir para uma nova redução de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana. Isso porque a percepção do investidor externo do risco-país é um indicador que influencia diretamente a taxa de câmbio, que, por sua vez, tem impacto sobre a inflação.

Mais do que oportuno – Assim, o momento escolhido para a captação brasileira foi considerado mais do que oportuno. “Se alguém tinha alguma dúvida do descolamento do Brasil em relação à Argentina, a emissão mostra que aumentou ainda mais o fosso entre os dois países”, avaliou o economista Roberto Padovani, da consultoria Tendências. “Já há algum tempo descolamos da Argentina. Os preços para o país (Argentina) atualmente são taxas de default (calote) e, para o Brasil, não há influência”, diz o chefe do Departamento da Dívida Externa do Banco Central, José Linaldo Gomes de Aguiar.

Segundo ele, o Brasil “aproveitou uma janela de oportunidade” e tem muito o que comemorar. “Nas operações anteriores, chegar a um custo (spread) de 700 pontos-base (acima dos títulos do Tesouro norte-americano de mesmas características) era um desafio.

Agora estamos captando na faixa dos 600 pontos, o que é muito bom”, afirmou, ressaltando que a rentabilidade final que será paga ao investidor ficou muito próximo ao piso estabelecido quando da estruturação inicial da operação.

Sinal de sucesso – Um termômetro do sucesso da captação, na avaliação de especialistas nessa área, foi o fato de o governo brasileiro não ter precisado pagar um prêmio sobre os títulos que foram lançados.

O primeiro lote de bônus Global 011 (BR-11) já tinha sido negociado pelo BC em julho deste ano, durante uma operação de troca de dívida realizada pelo BC. Os papéis emitidos são uma espécie de segundo lote dessa operação anterior.

O natural nesse caso é que, para tornar os novos títulos atrativos, o país emissor pague aos investidores interessados em adquiri-los um prêmio adicional em relação ao valor de negociação dos papéis antigos no mercado.

“O Brasil não pagou prêmio em relação ao preço de mercado atual dos títulos emitidos em julho. Isso mostra que há demanda por papéis emergentes e apetite pelos bônus brasileiros”, avalia o economista para América Latina, em Nova York, da consultoria Idea Global, Ricardo Amorim. Os títulos brasileiros foram negociados a um custo 6,33% ao ano acima do pago pelos papéis do Tesouro americano com as mesmas características.

Retorno – Como os papéis são vendidos com um pequeno deságio – o preço de venda corresponde a 96,5% do valor de face – o retorno que o investidor terá com papel brasileiro é de 10,66% ao ano.

Com essa operação, o BC cumpre a programação prevista para o ano de captar US$ 3 bilhões no mercado internacional. O dinheiro serve para cobrir os pagamentos da dívida externa que vence em 2003. Por enquanto, o BC não decidiu se anunciará ainda este ano um novo plano de captação, que servirá para cobrir as necessidades de financiamento de 2004.