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O pior já passou. Varejo começa sua recuperação

Guarulhos, 03 de setembro de 2003

ArteA esperança do comércio é que o frio continue a dar o ar da graça nos próximos dias e dê uma força para as vendas. Isso porque as duas semanas de baixas temperaturas impulsionaram as transações a vista, que tiveram crescimento de 3% no mês de agosto, em comparação a julho. O bom resultado, entretanto, ainda não chegou no crediário, que continua amargando queda de 6,4% no período. Apesar disso, as vendas a crédito começam a desacelerar o ritmo de queda e o balanço do mês aponta redução de 5,9% em relação a 2002. No mês de julho, o comércio sofreu redução maior: 7,4% na comparação com o ano passado.

Os dados, coletados com base no número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e ao UseCheque da Associação Comercial de São Paulo apontam que os efeitos da redução de 2,5 pontos percentuais na taxa básica de juro, a Selic, ainda não puderam ser percebidos pelo comércio e consumidores. “O corte da Selic veio tarde demais. O efeito mais forte deve ocorrer no final deste mês ou em outubro”, explica o economista Emílio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo.

Conforme Alfieri, ainda é difícil fazer previsões para o final do ano. “É preciso aguardar o desempenho das vendas no período do Dia das Crianças que, tradicionalmente, dá uma idéia de como será o Natal. Além disso, o consumidor parece esperar por mais reduções nos juros”, reforça.

Recuperação – As reduções que ainda são registradas tanto nas vendas no crediário e a vista podem ser explicadas, em parte, pelo fato de agosto ter tido um dia útil a menos do que igual mês do ano passado. Apesar disso, os números parecem indicar uma reversão do processo de retração das vendas do varejo e o início de uma lenta recuperação, na opinião do presidente da Associação Comercial de São Paulo Guilherme Afif Domingos.

Ele destaca que um processo de recuperação efetiva pode acontecer, caso o Comitê de Política Monetária (Copom) prossiga com a redução da taxa básica de juro, que está em 22% ao ano. Somado a isso, é necessário que o Banco Central reduza o depósito compulsório dos bancos, injetando mais crédito na economia a juros menores. “Isso estimularia a confiança dos empresários dos consumidores para a retomada do consumo”, diz.

Cautela – Corte dos gastos e economia do salário estão ajudando os consumidores a quitar as dívidas. Em agosto, o número de registros cancelados no cadastro de inadimplentes cresceu 3,5%. Em relação a agosto do ano passado, a queda foi maior: 4,9%. Já a inadimplência está estável, com alta de 0,6% em comparação a julho e redução de 0,8%, se comparado a agosto de 2002. Esses fatores podem indicar que até o final do ano mais consumidores estarão com seus débitos em dia e preparados para novas compras a prazo.

Os indicadores da Associação Comercial mostram ainda que o número de falências requeridas caiu 9,9% neste ano, em relação a 2002 e é 15,7% menor que no mês de julho deste ano. Na análise do economista Emílio Alfieri, as empresas aprenderam a realizar um bom controle do caixa para sobreviver. Mas isso ocorre em detrimento dos investimentos, que foram reduzidos drasticamente nos últimos meses.

Dora Carvalho