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Lisbela e o prisioneiro

Guarulhos, 22 de agosto de 2003

DivulgaçãoEgresso da telinha, Guel Arraes conhece bem o gosto do seu público. Nas últimas duas décadas dirigiu produções televisivas como telenovelas e seriados (entre eles os antológicos Armação Ilimitada e TV Pirata) e experimentou o sucesso cinematográfico pela primeira vez em 1999, quando a minissérie O auto da compadecida foi reeditada e lançada em circuito nacional. Um ano depois, a experiência rendeu mais um fruto no mesmo formato: Caramurú – A invenção do Brasil. E em 2002, finalmente começou a rodar aquele que seria seu primeiro projeto efetivamente desenvolvido para a tela grande: Lisbela e o prisioneiro.

A adaptação da obra de Osman Lins já havia sido transformada em um especial para a TV em 1993 e, posteriormente, ganhou nova montagem teatral que rodou o país. Como diretor da peça, Arraes pôde observar as reações da platéia durante as apresentações, usando o público como “cobaia” para o seu futuro filme e selecionando as melhores partes.

Escolher o elenco para o longa foi fácil. Formado basicamente pela trupe dos palcos, a mudança mais substancial foi na hora de chamar artistas com maior apelo comercial para os papéis principais. Entram em cena, então, Selton Mello (O auto da compadecida) e Debora Falabella (Dois perdidos numa noite suja).

O resultado é uma divertida comédia romântica ambientada no que o diretor chamou de “nordeste pop”: a Zona da Mata pernambucana e seu sonoro universo multicolorido de costumes e sotaques. No filme, assim como aconteceu em O auto da compadecida, os tipos marcantes e o humor físico têm espaço, contudo, Lisbela e o prisioneiro também alterna momentos de poesia, aventura, homenagens ao cinema e romance. Não é a toa que a sessão-teste com audiência selecionada, pela primeira vez realizada no Brasil, deu uma excepcional aceitação de 80% ao filme. Há elementos para todos os gostos ali.

A dama e o vagabundo

Lisbela e o prisioneiro conta a divertida história do malandro, aventureiro e conquistador Leléu (Mello), e da mocinha sonhadora Lisbela (Falabella), que adora ver filmes americanos e sonha com os astros do cinema.

Leléu é um trambiqueiro viajante. Ele tem um caminhão lotado de tranqueiras. Em cada parada que chega ele assume uma persona: vendedor de tônico, profeta, dono do stand da Monga… Seus objetivos são simples, lucro fácil e meninas bonitas. Sua última conquista foi Inaura (Virginia Cavendish). Porém, a fogosa mulher é casada com Frederico Evandro (Marco Nanini, com cara de Waldick Soriano), matador por profissão e marido traído, que sai no encalço do trambiqueiro decidido a vingar-se.

Lisbela está noiva e de casamento marcado quando Leléu chega à cidade. A moça de família e o galanteador ficam subitamente apaixonados depois de um fortuito encontro e passam a ter de lidar com a oposição do pai de Lisbela (André Matos), tenente de polícia da cidade, e do agora ex-noivo da garota, o playboy Douglas (Bruno Garcia). A situação se complica ainda mais quando o mais novo cornudo da região decide contratar um matador para livrar-se do rival. E adivinhe quem é o gatilho mais rápido da cidade? Prepare-se para muitas reviravoltas e surpresas, que só vão terminar depois do final dos créditos.

Com uma trilha sonora competentíssima – que mistura estilos e intérpretes com um resultado rico e inovador -, fotografia primorosa, figurinos e atuações impecáveis, Lisbela e o prisioneiro cumpre a proposta de seu diretor: apresenta um digno exemplar do “cinema popular brasileiro”, que deve encantar a grande maioria dos espectadores.