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Ensinando nossos jovens a pescar

Guarulhos, 13 de agosto de 2003

ArteMaurício Ferreira, 20 anos, Rubiane Alves da Silva, 20 anos, Alan de Mello Barreto, 19 anos, Genilson Barreto de Lima, 18 anos, e Bryanne Nunes Sakane, 17 anos. Esses brasileiros têm dois pontos em comum: a juventude e, o melhor, a esperança. Trabalham e estudam. Outra vantagem: vislumbram no final do túnel a chance de ter uma profissão.

Maurício Ferreira ainda não completou a primeira semana no emprego na Farma&Cia da praça Craveiro Lopes, 19, Bela Vista. Mas já planeja concluir o curso de técnico em farmácia e, em seguida, fazer a faculdade.

E seu sonho pode ser concretizado. O proprietário do estabelecimento Marcelo Martins já se comprometeu a investir no jovem talento, que não tinha carteira assinada há pelo menos três anos.

A trajetória do auxiliar de farmácia foi difícil até ele participar do curso “Projeto Jovem Farmácia” promovido pela Associação Paulista do Projeto Ampliar, instituição social do Secovi, pela Agência de Desenvolvimento Humano, ADH e também pela Sophie – Sociedade para Promoção do Humano e de Iniciativas Empreendedoras. O curso direcionado para a profissionalização de jovens entre 18 e 21 anos foi realizado como projeto-piloto da unidade Paulista/Brigadeiro do Ampliar. Formou 35 jovens em julho, após dois meses de aulas, dos quais 12 estão se preparando para trabalhar e quatro já estão empregados, diz a gerente de projetos do Secovi, Lídia Nicolino.

“Apesar do desemprego elevado, não havia no mercado auxiliares de farmácia preparados. Ouvi falar do projeto do Ampliar e da ADH (fone 3277-3135) por uma indústria parceira, a Shizen, me encantei e contratei o Maurício”, relata o farmacêutico Martins.

O “Projeto Jovem Farmácia” deve crescer. “A expectativa é formar turmas em cada região da cidade, beneficiando outros jovens”, diz Marcelo Scharra, coordenador da ADH.

Empreendedorismo – Partir para um negócio próprio. Esse é o ideal de um grupo de jovens que na última segunda-feira começou a se preparar no “Projeto EngraxArte”. “Cada um dos engraxates será dono do seu próprio negócio. Quem trabalhar mais receberá mais”, diz Genilson Barreto de Lima, um dos beneficiários do projeto que está confiante no sucesso do empreendimento.

O que é o Projeto EngraxArte? O que pretende? Na verdade, um grupo de 30 jovens vai estudar e trabalhar por dois meses na composição de uma cooperativa de engraxates.

“No primeiro mês receberão noções de empreendedorismo, cooperativismo, informática, administração, cidadania, marketing pessoal, liderança, entre outros temas”, diz Marcelo Scharra, da ADH, que está levando o projeto junto com o Ampliar (fone 5591-1281).

Também aprenderão técnicas de engraxar e os roteiros de arte da cidade. Enquanto lustram sapatos, eles poderão indicar aos clientes um roteiro de artes e espetáculos. E tem mais. Os próprios cooperativados venderão o projeto às empresas. E aprenderão isso num curso de telemarketing.

Os jovens não irão engraxar nas ruas. Eles farão o atendimento em empresas e em condomínios. Pelo menos dez jovens já foram requisitados, seis por uma multinacional da área de consultoria e quatro por um condomínio, diz Scharra.

A expectativa é de que os engraxates ganhem entre R$ 500,00 e R$ 700,00 mensais, descontados os gastos com condução e almoço. O valor cobrado por par de calçados engraxados é de R$ 5,00.

A pequena e jovem cooperativa prestará serviços na modalidade Express. Os engraxates deixarão sacolinhas em condomínios e empresas. Farão a coleta periodicamente e depois devolverão o calçado lustrado para o freguês.

“O projeto tem tudo para nos ajudar a alçar vôos maiores”, diz Genilson. O jovem, que já trabalhou como repositor e promotor de vendas, está desempregado.

Teresinha Matos