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Indústria prepara retomada de emprego

Guarulhos, 13 de agosto de 2003

A taxa de desemprego na indústria paulista variou negativamente em julho 0,08%, o que significa menos 1.213 postos de trabalho. No ano, já foram cortadas 2.636 vagas e, nos últimos 12 meses, 46.524 trabalhadores foram demitidos. Apesar disso, o ritmo de fechamento de vagas foi reduzido mês passado e a expectativa é que o nível de emprego comece a subir a partir do final de setembro e início de outubro. Mesmo assim, as previsões apontam que 2003 deve empatar com 2002, ou seja, sem a criação de novos empregos.

De acordo com a diretora do departamento de pesquisa e estudos econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Clarice Messer, houve uma melhora no quadro, o que já era esperado. Isso porque os empresários já há alguns meses vinham num caminho de balanceamento e de produção com a desova dos estoques.

O setor que mais contratou no mês de julho foi o de congelados, com uma alta de 16,18%. O segmento segue com bom desempenho, principalmente, porque está diretamente vinculado ao agronegócio e às exportações de sucos de frutas. Logo abaixo vem o setor de matérias-primas para fertilizantes para agricultura, com crescimento de 2,02% e fundição, com 1,32%.

Da mesma forma, os setores de fundição, papelão (0,62%) e materiais plásticos (0,30%) seguem em trajetória positiva em decorrência das exportações. “Apesar desses segmentos estarem contratando mais, não significa melhora no mercado interno”, disse Clarice.

A indústria de fundição, considerada de bens intermediários, contou ainda com o reforço da alta das vendas de máquinas e equipamentos agrícolas, que aconteceram em decorrência do crescimento das exportações.

Estabilidade – No mês de julho, dentre os sindicatos que reportaram à Fiesp o desempenho de seus setores, 21 registraram saldo negativo e, 18, aumento no número de postos de trabalho. “Caso fosse retirado o impacto do setor de congelados, ocorreria um empate entre julho deste ano e o do ano passado”, reforçou a diretora da Federação das Indústrias.

Os segmentos que mais fecharam vagas foram o de lâmpadas (5,37%), esquadrias e construções metálicas (3,96%), mármores e granitos (2,02%) e massas alimentícias (1,48%).

Retomada – Apesar do quadro dos últimos quatro meses, em que foram fechadas mais de 11.574 vagas, Clarice Messer prevê que uma reativação dos empregos comece a ocorrer a partir do final do próximo mês e início do seguinte, sobretudo, nos setores ligados às exportações. Outro fator que poderá ter um impacto positivo na economia são as vendas típicas de fim de ano.

Para ela, o governo deve ajudar na retomada do crescimento do País com a redução da taxa básica de juros, a Selic. “Há espaço para um queda maior do que as concedidas nas últimas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária). O corte deve ser superior a 1,5 ponto percentual”, frisou. Na opinião de Clarice Messer, a redução dos juros possibilitaria a retomada da produção e recuperação de margens. “Mas isso não significa alta de preços. Para o aumento das margens, é preciso que o governo federal desonere os investimentos”, disse. Segundo ela, não existe a possibilidade de volta da inflação neste momento já que a demanda está muito reprimida e a indústria quer desovar os estoques.

Além da redução e retirada de impostos que incidem sobre investimentos, como IPI, PIS, Cofins e CPMF, é preciso que o governo restabeleça a confiança da população com a aprovação de reformas importantes, como a tributária. Clarice Messer explicou que só os investimentos poderão gerar o crescimento sustentável do País, ou seja, a geração de renda futura e emprego.

Dora Carvalho