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Qual a melhor aplicação no momento?

Guarulhos, 04 de agosto de 2003

ArteAs duas últimas reduções da taxa básica de juros (Selic) feitas pelo governo, somadas à tendência de que o Banco Central irá reduzir ainda mais a Selic já nas próximas reuniões do Conselho de Política Monetária (Copom) fez acender uma luz amarela entre os investidores do mercado financeiro: com os juros caindo, é o momento de repensar nos investimentos? Analistas da área financeira opinam: talvez seja, sim, hora de começar a rever o portfólio e aproveitar para diversificar as aplicações.

Mas atenção! Antes de tomar qualquer decisão, preste atenção ao alerta desses mesmos especialistas: a movimentação entre as aplicações não deve ser brusca, isto é, não se deve migrar inteiramente para outra aplicação. E dão um palpite: neste momento, o investidor deve dar preferência aos fundos de investimentos.

Quem está na renda fixa, por exemplo, ensinam eles, não deve migrar mais do que 20% do dinheiro para outras aplicações, como o investimento em bolsa, por mais tentador que ele se mostre.

Campeã – No mês de julho, as aplicações em bolsa e no dólar apresentaram forte valorização, beneficiadas pela redução de dois pontos porcentuais dos juros, entre os meses de junho e julho. No período, as aplicações em bolsa renderam 4,62%. O dólar se valorizou em 4,33%, já descontada a inflação de -0,42%, medida pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M).

Alguns analistas estão confiantes ainda em que essa temporada de alta irá continuar. Desde que mantida a tendência de queda dos juros e levando-se em conta um prazo mínimo de um ano para o retorno se concretizar.

Isso porque o contágio dos juros sobre os negócios em bolsa é visível, embora apenas no médio prazo.

É simples: a redução do custo do dinheiro tende a favorecer o consumo, o que, por sua vez, melhora as vendas, os resultados da empresa e por fim impacta positivamente sobre as ações das empresas.

Dólar – No caso do dólar, a alta se dá porque, na redução dos juros, os grandes investidores aplicados em renda fixa migram para a moeda americana atrás de uma rentabilidade maior. Resultado: a oferta diminui, forçando uma valorização do dólar.

É o que torna a compra do dólar indicada neste momento, especialmente para as empresas com dívidas atreladas à moeda. Para o investidor que prioriza a rentabilidade, analistas descartam a aplicação. “O dólar tem de ser visto apenas com a finalidade de proteção, seja para o pagamento de dívidas lá na frente ou para custear uma viagem ao exterior”, diz Mônica Dresbach, superintendente de Renda Fixa do BankBoston Asset Management. “Quem busca no ativo o lucro corre o risco de perder com as oscilações no preço da moeda”, explica.

Prefixados ou DI? – Mesmo com os juros menores, os investimentos em renda fixa ainsa são apontados como a melhor alternativa para alocação da maior fatia dos recursos para quem for precisar do dinheiro no curto prazo (menos de um ano). Isso porque a taxa real ainda é muito alta, o que dá vantagem a essas aplicações. Mas mesmo aqui o investidor pode se deparar com a dúvida: qual aplicação de renda fixa é a mais adequada no momento?

A queda dos juros, na teoria, sugere uma corrida para as aplicações prefixadas, aquelas em que o investidor sabe, no momento da aplicação, qual será seu ganho. “Muita gente pode se iludir com essa teoria e correr para essas aplicações. Só que os contratos até julho já estão sendo negociados com taxas de 20%, já precificando uma queda maior da Selic. Quem quiser ganhar com a aplicação terá de comprar títulos de prazo maior, onde o risco é maior”, diz Fábio Motta, estrategista da Sul América Investimentos. O analista aconselha o investimento nos fundos DI, que são pós-fixados e em geral acompanham a variação da taxa Selic.

Para analistas, a poupança deve ser evitada, exceto por investidores com aplicação abaixo de R$ 1 mil que pensem em deixar aplicar o dinheiro por no máximo três meses.

Adriana Gavaça