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Só exportações salvam embalagens

Guarulhos, 28 de julho de 2003

ArteToda a esperança do setor de embalagens está depositada agora nas exportações. Isso porque a forte retração do consumo interno provocou, só nos primeiros cinco meses do ano, uma queda de produção de 5,5%. A expectativa era de fechar o ano com um faturamento de R$ 23 bilhões com aumento de 10% em comparação ao ano passado. Agora, se chegar a R$ 20 bilhões e empatar o desempenho de 2002, já será lucro, diz o presidente da Associação Brasileira de Embalagens (Abre), Fábio Mestriner.

A indústria de embalagens é o principal indicador de desempenho da economia. Só os segmentos de alimentos e bebidas consomem 60% do total da produção do setor e a queda da demanda interna atingiu praticamente todos os fabricantes de embalagens. Um exemplo é o da indústria de papelão ondulado, que amargou queda de 14,4% de janeiro a maio deste ano. Também não escaparam segmentos importantes como os de frascos plásticos de xampus, alimentos e produtos de limpeza.

Para todo o setor, as projeções da Abre apontam que este ano as exportações devem atingir 10% da produção total. A grande chance de recuperação está justamente aí, já que espera-se que as vendas externas devam ultrapassar a participação de 7%, situação de estagnação dos últimos anos.

Desaceleração – A indústria de embalagens vinha crescendo a uma taxa de 10% ao ano. A expansão teve uma forte contribuição da alta das exportações, super safras e o crescimento de 7,5% da agroindústria. Somado a esses fatores, teve ainda a estabilidade da economia, que mudou o comportamento de consumo dos brasileiros. “Para ter uma idéia, o segmento de sucos prontos para beber vinha dobrando a demanda ano a ano. Esse é um dos segmentos que mais exigiu produtos do setor de embalagens”, diz Mestriner.

Mas até o segmento de sucos prontos sentiu os efeitos da retração de consumo e registrou queda de 10% de janeiro a maio deste ano.

Mercado externo – Os filões mais explorados pelos fabricantes brasileiros de embalagens lá fora são os de plásticos flexíveis. São as embalagens para biscoitos, salgadinhos e de café brasileiras que têm tido melhores vendas no exterior, segundo Fábio Mestriner. No Mercosul também crescem as exportações de papel cartão e embalagens para leite.

O que vem ajudando as vendas no mercado externo é o preço competitivo da mercadoria brasileira. Mestriner explica que, quando as multinacionais aqui instaladas fazem a cotação de preços para comprar embalagens para o mercado interno, acabam influenciando na decisão de compra de suas matrizes. “A competitividade da mercadoria brasileira ficou ainda melhor no início do ano em razão da alta cotação do dólar, que ultrapassou a casa dos R$ 3”, destacou o presidente.

Com a cara do Brasil – Mas não são só as embalagens brasileiras que fazem sucesso no exterior. O design de embalagens de profissionais do País cada vez mais é ganhador de prêmios lá fora. Só no ano passado, brasileiros ganharam sete premiações da World Star, a Organização Mundial de Embalagem.

Dora Carvalho