Todo Poderoso traz Jim Carrey mais comedido
A performance de Carrey como um repórter de TV ambicioso que desafia o Homem lá de cima se mantém razoável ao longo do filme, mas transparece a falta do humor escrachado que é característico da maioria de seus trabalhos.
O longa-metragem é produto do reencontro de Carrey e do diretor Tom Shadyac, ambos mais calmos do que nos dias de Ace Ventura.
Recentemente, os dois investiram com sucesso em dramas profundos – Carrey em Cine Majestic e Shadyac em O Mistério da Libélula. Todo Poderoso poderia ser visto como um elixir, apesar de ser para este veteranos apenas mais um trabalho de rotina.
Jim Carrey é Bruce Nolan, um profissional frustrado à beira dos 40 anos de idade e que vê seu rival Evan Baxter disposto a tirá-lo do caminho para conquistar a posição de âncora.
Ele perturba a calma de sua namorada Grace (Jennifer Aniston) e, quando Evan consegue finalmente ser âncora, se convence de que Deus está contra ele ou, pior, o ignorando.
Deus de férias
Para dar uma lição ao egocêntrico humano, Deus tira umas férias e o deixa encarregado de tudo. Bruce usa seus poderes supernaturais para ajudar a si mesmo, proporcionando a Grace sexo extraordinário.
Mas, quando tudo a leva crer que Bruce vai pedi-la em casamento, Grace percebe que ele ainda cobiça o emprego de Evan e o larga, levando a uma queda emocional do personagem e às mensagens sobre o endeusamento do ser humano – que aqui são menos pegajosas do que as de Patch Adams, também de Shadyac.
O diretor trabalha com algumas brincadeiras visuais, como um pager que Deus (Morgan Freeman) usa para se comunicar com Bruce na tentativa de marcar um encontro. Mas algumas dessas brincadeiras chamam atenção, enquanto outras parecem desconexas.
A abordagem incerta de Todo Poderoso afeta o elenco, que muitas vezes é pouco explorado. Grace foi colocada na posição de apenas reagir às peripécias de Bruce, o que fez com que Aniston passasse o filme apenas fazendo olhares pouco engraçados.
