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Governo cria fórum para discutir siderurgia

Guarulhos, 12 de março de 2003

As disputas entre fornecedores e consumidores de produtos siderúrgicos em torno de preços e garantia de abastecimento no país serão resolvidas em um fórum setorial, a ser instalado ainda em março, sob patrocínio do Ministério do Desenvolvimento, segundo decidiram os integrantes do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), em reunião de mais de três horas nesta terça-feira, 11, com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

“Vamos discutir previsibilidade e contratos de longo prazo em troca de preço”, resumiu o presidente do IBS, José Armando de Figueiredo Campos. “Os setores que exportam podem nos conceder parte dos preços com amarração em dólar, setores que não exportam, podem sentar à mesa e negociar (volume de encomendas)”, exemplificou.

Os empresários mostraram estudos do setor a Furlan e seus secretários para questionar as acusações de pressão do setor para aumentos de preços, levadas ao ministério por consumidores de aço. Entre os dados apresentados, levaram ao ministro a estimativa de produção de 32 toneladas de aço laminado e de uma demanda em torno de 18 milhões. A reunião foi antecedida por pedidos de consumidores para redução dos impostos de importação de aço, e por reações dos dirigentes de empresas siderúrgicas contra a ameaça de controle de preços.

Furlan informou aos empresários que o governo está muito preocupado com as pressões sobre a inflação e com o impacto dos aumentos de matérias primas da indústria. Deixou claro que não pretende intervir diretamente, mas mostrou que o governo dispõe de instrumentos legais para aumentar a competição no setor e reduzir os preços, caso não haja acordo. O convite para a reunião partiu do ministério e foi definido por Campos como “um amável convite, entendido como uma convocação”.

Furlan, ao final da reunião, não quis falar sobre o encontro, mas ditou uma declaração, divulgada pela assessoria de imprensa do ministério, em que classifica a conversa de “positiva”. “Os representantes do setor entenderam este momento delicado que o país atravessa, quando há um esforço muito grande do governo para construir a credibilidade que possibilitará a redução do risco Brasil, a queda dos juros e a reativação da economia”, comentou Furlan, comemorando o “comprometimento do setor, de trabalhar para que o pleno abastecimento do mercado contribua para a normalidade dos preços”.

O ministro informou que, em “algumas semanas”, haverá nova reunião para avaliar os efeitos das discussões do fórum setorial e discutir os programas de investimento do setor para ampliação da produção brasileira.

Sergio Leo