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Como escolher prestadores de serviços

Guarulhos, 26 de fevereiro de 2003

arteCompanhias estão estabelecendo tetos salariais para contratar funcionários pela CLT, Consolidação das Leis do Trabalho. Profissionais que ganham acima de um valor determinado só são contratados como prestadores de serviços. Os setores são variados: da gerência do departamento financeiro até as áreas estratégicas, como a de marketing. A medida é para reduzir as despesas com os encargos sociais, que chegam a quase 70% do salário do profissional contratado por CLT. Para se adequar a essa nova realidade, os profissionais e os empresários precisam se preparar psicológica e financeiramente.

Numa operadora de turismo de São Paulo, por exemplo, o pessoal das áreas de recursos humanos e outros setores estratégicos, como marketing e desenvolvimento de produtos são todos prestadores de serviços. Quem ganha acima de R$ 4 mil só entra na empresa se tiver firma aberta e emitir nota fiscal. As vantagens são muitas, mas também há desvantagens.

Segundo Renata Mello, supervisora de projetos sociais do CIEE, Centro de Integração Empresa Escola, a pessoa tem de ter certas habilidades para ser um funcionário sem vínculo pela CLT. Ele precisa ser flexível em aspectos como horário de trabalho, colegas e chefia. “Como esse profissional vai mudar de empresa com freqüência, ele precisa estar sempre se adaptando aos horários das companhias, ao contato com pessoas novas quase todos os meses, incluindo os chefes”, afirma Renata.

Outro ponto importante é a segurança profissional. “Quem vai prestar serviço tem de ser muito seguro”, afirma Renata. Esse é um complicador para quem está saindo das universidades, por isso, hoje, é fundamental contratar pessoas que tenham feito estágio, participado dos programas trainees e das empresas “júniors” durante o curso universitário. “Esses trabalhos serão as referências dos profissionais e não mais as companhias que assinaram a sua carteira”, afirma ela.

Timidez – Seme Arone Júnior, diretor comercial do Nube, Núcleo Brasileiro de Estágios, diz que o profissional precisa também saber se relacionar bem com outras pessoas. “Gente que presta serviço tem de saber se relacionar bem com colegas de trabalho. É importante ser aberto, saber ouvir e ser extrovertido, pois esse funcionário tem vender seu peixe a todo momento”, afirma ele. Os tímidos têm dificuldade para serem prestadores de serviços. O motivo, segundo especialistas, é como eles não se acostumam rapidamente ao ambiente de trabalho, podem ter baixa produtividade.

O marketing pessoal é outro ponto que deve ser observado pelo empresário. “É preciso ver como o profissional está vestido. Se fala corretamente, sem atropelar o interlocutor”, afirma Renata. Outro ponto lembrado pela consultora é a atualização. “A pessoa tem de estar sempre atualizada, pois vai precisar fazer comentários inteligentes sobre os mais diversos assuntos, da provável guerra EUA-Iraque até a inflação brasileira”, diz ela.

Finanças – Trabalhar sem vínculos implica no controle militar das finanças. “Num mês o funcionário ganha muito, então, tem de guardar, pois, no mês seguinte, pode não ganhar nada”, afirma Júnior, do Nube. O profissional também tem de pagar um plano de previdência privada e um de saúde, pois não há uma empresa arcando com esses gastos.

Outra dica é orientar o funcionário a fazer uma reserva de dinheiro, algo entre três e seis salários. Segundo especialistas, o empresário deve incentivar o profissional a controlar suas finanças. Todos ganham com essa atitude, pois, só dessa forma, o funcionário vai trabalhar com tranquilidade.

Cláudia Marques