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Fiesp quer redução da taxa de juro

Guarulhos, 11 de fevereiro de 2003

A diretora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Clarice Messer, afirmou que a criação de 359 empregos pelo setor em janeiro não significa uma tendência e apelou ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva que reduza a taxa básica de juro da economia para permitir que a indústria invista e possa gerar novos postos de trabalho. Para a economista, não há hoje elementos que garantam a sustentação do nível de emprego.

– O que permite essa sustentação é o aumento da capacidade de investimentos, e isso só é possível com a queda dos juros. É por isso que advogamos a queda da Selic, mesmo na iminência de uma guerra no Iraque – disse Clarice, acrescentando que o preço do petróleo pode ter atingido o pico e que, se a guerra for rápida, a economia internacional poderá ser menos afetada do que o previsto.

A diretora da Fiesp afirmou que a criação de vagas em janeiro, embora deva ser vista com cautela, surpreendeu favoravelmente e indica uma relativa estabilidade. O saldo positivo de vagas, segundo ela, foi motivado por contratações no setor metal-mecânico, à exceção de eletroeletrônicos. Apesar disso, Clarice lembrou que a indústria automobilística, a construção civil e a indústria de máquinas, que formam o tripé do setor metal-mecânico, não mostram sinais de recuperação, mesmo tendo havido crescimento pequeno de vagas em janeiro.

Segundo Clarice, os três segmentos do setor metal-mecânico continuam sendo atingidos diretamente pela alta taxa de juros, que inibe a construção de residências, a compra de automóveis e de bens duráveis.

A diretora da Fiesp lembrou que nos últimos quatro meses a taxa de juro básica (Selic) subiu cerca de sete pontos percentuais e a demanda interna já está fraca. Por isso, acrescentou, a indústria continua em busca de aumento de produtividade, ou seja “fazendo com que menos pessoas produzam mais”.

Segundo a economista, ainda não há como prever como será o comportamento do nível de emprego este ano. Embora não garantam a sustentação da criação de empregos, ela cita como fatores positivos para manutenção dos postos de trabalho uma readequação dos estoques do varejo (que estão baixos desde o ano passado), o aumento das exportações e o crescimento da produção de bens intermediários.

Roberto Samora