Empresas fantasmas dão golpes de R$ 11 milhões

No último ano, cresceu 13,8% o número de empresas vítimas da ação de golpistas, o que significa prejuízo de R$ 11 milhões. Os dados são da Equifax, empresa que fornece soluções para gestão de risco e crédito. A pesquisa mostra que no segundo quadrimestre foram detectadas 313 empresas especializadas em aplicar golpes em empresários de todo o País.

As 313 empresas golpistas provocaram 5.846 títulos protestados e 2.924 cheques sem fundos. O diretor-presidente da Equifax, Paulo Melo, afirma que a falta de cuidado dos empresários e a impunidade dos criminosos são os principais motivos que explicam o aumento do número de golpes em todo o País.

Cuidado

“Em dez anos, nunca tivemos um número tão grande de golpistas num quadrimestre. A falta de cuidados dos empresários está facilitando a ação dessas empresas criadas especialmente para dar golpes na praça. É preciso redobrar a atenção antes de fechar um negócio”, diz Melo.

Das 313 empresas fantasmas que surgiram até agosto neste ano, 58,1% se instalaram na região Sudeste, 21,4% no Sul, 13,4% no Nordeste, 2,2% no Norte e 4,9% no Centro-Oeste.

A pesquisa da Equifax é feita a partir do aumento de consultas das empresas consideradas sob suspeita. “Quando uma empresa começa a ser bastante consultada por apresentar dúvidas quanto à credibilidade dos negócios realizados, começamos um trabalho de investigação mais aprofundado. Checamos informações na Junta Comercial, vamos atrás do endereço”, diz Melo.

Para ter acesso à pesquisa, é preciso contratar os serviços da Equifax. Os preços são a partir de R$ 2,50, por consulta.

Como é o golpe

Segundo Melo, os golpistas geralmente abrem uma empresa nova ou criam uma nova razão social para empresas que estão desativadas, mas que ainda mantém o número do CNPJ (espécie de CPF das empresas).

“Os sócios dessas empresas fantasmas costumam ser laranjas, ou seja, pessoas que fornecem seu nome para situações ilícitas e que, em geral, não têm qualquer informação ruim, nenhum protesto, pedido de falência”, alerta Melo.

Depois de criarem a fama de bons clientes entre os fornecedores, essas empresas fantasmas começam a dar o golpe: fazem um pedido grande de mercadoria, desaparecem com toda a compra sem deixar vestígio, e o que é pior, sem pagar a conta. E as chances de recuperar o dinheiro perdido é quase nula. “Muitas empresas golpistas deixam o escritório que estava alugado e não informam o novo endereço para ninguém. Há casos, em que o endereço fornecido sequer existe. O empresário que é vítima fica com os cheques sem fundo ou duplicatas na mão. Nem mesmo os vizinhos da empresa sabem explicar o paradeiro dos golpistas”.

Vanessa Pessoa