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Cartão de crédito: popular como o dinheiro vivo

Guarulhos, 24 de dezembro de 2002

Os cartões de crédito estão mais populares. Pesquisa feita pelas maiores administradoras do País revela que o acesso da população de baixa renda a essa forma de pagamento mais do que dobrou de 1999 até 2001. O perfil das compras feitas no cartão também tem mudado. Hoje, o item alimentação responde por 26% das vendas nos cartões de crédito – sinal de que eles estão servindo, cada vez mais, para o pagamento de despesas básicas do dia-a-dia.

O acesso ao cartão de crédito está sendo cada vez mais facilitado pelas administradoras. Hoje, é comum a abertura de uma conta no banco trazer consigo a oferta de um cartão. A renda mínima exigida pelos bancos também está diminuindo. As instituições financeiras e o comércio perceberam que a população de baixa renda – que corresponde a 40% da População Economicamente Ativa (PEA) com renda acima de R$ 300 – é um segmento que ainda pode ser muito explorado.

“Efetivamente percebemos, nesse ano, um crescimento de concessão de crédito para pessoas de baixa renda. Os bancos estão mais agressivos na concessão de crédito e os lojistas estão preferindo essa forma de pagamento às outras pela segurança que ela proporciona”, diz o vice-presidente de negócios da Visa do Brasil, Luiz Antônio Almeida. De olho nessa realidade, a Visa firmou uma parceria com o Lemon Bank para criar o Secured Card, um cartão de crédito vinculado a títulos de capitalização voltado para pessoas que não possuem contas em bancos.

Na Credicard, a constatação não é diferente. A administradora informa que, nos últimos anos, o aumento no número de usuários de seus cartões ocorreu justamente em meio a esse segmento, que antes tinha dificuldade para obter crédito no mercado.

Apesar da maior facilidade de acesso aos cartões de crédito, especialistas em direitos do consumidor alertam para os perigos que correm as pessoas que nunca usaram essa forma de pagamento – e pretendem aderir ao sistema de olho nas vantagens oferecidas pelas administradoras. “O maior problema de se possuir um cartão é a falta de disciplina do consumidor”, lembra a assistente de Direção do Procon-SP, Dinah Barreto.

A possibilidade de financiar a fatura, que muita gente desacostumada a usar o cartão pode achar que se trata de um bom negócio, é vista como uma das desvantagens do sistema, na opinião do presidente da Proconsumer, Fernando Scalzilli. “O crédito rotativo tem um custo muito alto”, diz ele. “Além disso, o cartão também pode não ser vantagem para quem faz apenas pequenos gastos com ele, uma vez que o valor da anuidade é bastante elevado.”