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Informal tem opções para evitar as multas

Guarulhos, 20 de dezembro de 2002

Ser informal custa caro. Por isso, as empresas devem procurar formas para sair dessa situação, com alternativas que evitem o pagamento de multas. O peso das punições do Fisco é expressivo: quem não paga encargos sociais, desrespeita a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não paga as taxas sindicais, entre outras obrigações, chega a pagar R$ 40 mil. Vale destacar que as micros e pequenas empresas possuem multas reduzidas em alguns casos.

Especialistas consultados pelo DCI mostram que há saídas para quem não pode se formalizar do modo “convencional”, ou seja, pagando a tributação oficial ou optando pelo Simples, o sistema simplificado de tributação das micros e pequenas empresas.

Além disso, a informalidade prejudica a empresa por todos os lados: ela não consegue se inserir na economia, crescer e se desenvolver, corre o risco de ser fechada e ficar com dívidas com o governo.

Segundo Norberto Marcos Barbosa, consultor jurídico trabalhista do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae-SP), a pior consequência à qual estão sujeitos os informais é a impossibilidade de emitir um documento fiscal válido. “A empresa fica limitada e não interage com a economia formal”.

Empresas que forem pegas pela fiscalização sem o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) podem ter o estabelecimento, mesmo que ele funcione na residência, fechado. “A empresas optam pela informalidade por falta de condições”, diz Barbosa. “Se simplificassem o recolhimento dos encargos sociais e criassem uma alíquota menor a informalidade seria reduzida. As pessoas têm consciência dos riscos e ninguém quer ser informal”.

Se a fiscalização detecta um funcionário informal, por exemplo, a empresa é obrigada a registrar e pagar a multa. Os valores são determinados pela fiscalização, de acordo com o a gravidade da situação. Contudo, os fiscais devem respeitar os limites. “O fiscal tem que avaliar a condição financeira da empresa”, diz Barbosa. “A multa mínima é de 40% o valor da tabela, e a máxima de 100%”.

Tratamento especial a micros

As micros e pequenas empresas possuem tratamento diferenciado garantido pela portaria. A base das multas de valor variável para quem tem até 10 funcionários ficam entre R$ 0,40 a R$ 606. De 11 a 30 funcionários, a base fica entre R$ 0,80 e R$ 1.210.

A consultora Ydileuse Aparecida Martins, explica que se a empresa deve o Fundo de Garantia, e for pega pela fiscalização, vai ter que depositar tudo o que deve aos funcionários, descontar 8% do salário deles para depositar e vai pagar juros e multa de acordo com a taxa TR publicada pela Caixa Econômica Federal.

Outro risco que Ydileuse destaca é o que a empresa formal corre ao se relacionar com a informal. “Se uma empresa terceiriza sua limpeza, por exemplo, com uma informal, e se os funcionários da terceirizada forem informais, e resolverem processar a empresa com uma ação trabalhista, quem paga a conta é a empresa que contratou a terceirizada. O barato sai caro”, diz.

As saídas

Os especialistas consultados indicam algumas saídas para as empresas. “A idéia é sair da informalidade o quanto antes”, diz Jair Aparecido de Souza, consultor da IOB.

O advogado Rubens Aidar informa que o informal pode se registrar como autônomo no Ministério do Trabalho e como Contribuinte Individual (CI) na Previdência. “Como autônomo ele vai emitir o RPA e pagar Imposto de Renda se atingir renda anual acima de R$ 12.696”, explica.

Para se ter idéia, dos 35,7 milhões de contribuintes da Previdência, 6,35 milhões são CI. Desses, 1,72 milhão são autônomos.

Para simplificar mais ainda esse processo, em outubro o ministro da Previdência, José Cechin, lançou o Cartão de Arrecadação do Contribuinte Individual, Facultativo e Empregados Domésticos. Por meio do cartão, esses contribuintes poderão pagar o INSS nas cinco mil agências dos Correios e Telégrafos. A meta é atingir 5,3 milhões de pessoas.

Outra saída é se associar, seja a uma cooperativa ou a uma associação de trabalhadores do mesmo ramo. A cooperativa é isenta de tributos. Assim, a empresa se formaliza mas a carga tributária não vai ser um empecilho.

“O empresário não quer viver ilegalmente. Junto com outros iguais ele se fortalece”, conclui Rubens Aidar.

Priscilla Negrão