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Empresas devem evitar tomar empréstimo agora

Guarulhos, 25 de novembro de 2002

arteA alta do juro básico no meio da semana passada tem tudo para intensificar o temor das empresas em assumir empréstimos juntos aos bancos. O temor não é sem motivo. Segundo o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial, as altas taxas de juros praticadas pelos bancos podem engolir todo o lucro das empresas, se essas dependerem de empréstimos juntos aos bancos para financiar a produção. Ele diz que taxas próximas de 10% ao mês, para o desconto de recebíveis, por exemplo, podem levar a empresa a trabalhar apenas para pagar os custos com os bancos.

Evitar – “Esse é o momento de evitar financiamento com os bancos. Quem tiver uma reserva financeira deve usar capital próprio ou tentar financiar compras com o próprio fornecedor”, diz Alfieri. O economista explica que mesmo as empresas que querem se arriscar contratando linhas de crédito juntos aos bancos, deverão enfrentar restrições, não só porque os juros subiram – o que aumenta as chances de inadimplência -, mas também porque a elevação em 5% dos depósitos compulsórios enxugou em cerca de R$ 14 bilhões o volume à disposição dos bancos para ser emprestados às empresas.

Otimismo – Para o presidente da Associação dos Bancos Comerciais, ABBC, Jorge Prada Levy, antes do aumento dos juros, empresas e pessoas físicas haviam demonstrado otimismo quando à recuperação da economia, mas que esse otimismo foi neutralizado com o aumento de 21% para 22% ao ano da Selic. “Agora imaginamos que a expansão de crédito este ano irá ficar muito próxima da previsão de crescimento para o PIB, de 1,5%”.

O economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos, Febraban, Roberto Troster, acredita que este ano não haverá mais espaço para a reversão de expectativas no que se refere à expansão do crédito. Só que ele acredita que em 2003 a expansão poderá ser maior, já que alguns indicadores da economia estão em processo de recuperação. “Esse é o caso do risco-país que caiu abaixo de 1.600 pontos, coisa que não acontecia há meses”, diz.

Crescimento – O Banco do Brasil é um dos poucos que quer expandir o volume de crédito emprestado este ano, em meio a toda turbulência econômica e da retração das empresas. A expectativa, de acordo com Geraldo Magela Ribeiro Júnior, gerente da Divisão, é de incremento de até 30%, atingindo um montante de R$ 8 bilhões emprestados. “Estamos orientando nossos 6 mil gerentes para convencer as empresas a emprestar dinheiro, pelo menos para a compra de maquinário, onde os custos são baixos, o que acaba compensando”, diz.

Mudanças – De acordo com pesquisa mensal sobre o comportamento dos juros cobrados de empresas pelos bancos, realizada pela reportagem do Diário do Comércio, a última alta de taxa básica de juros, a Selic, já provocou impacto sobre algumas taxas. Esse é o caso da Caixa Econômica Federal, que alterou para cima as taxas praticada nos descontos de recebíveis, como cheques e duplicatas. A menor taxa, no caso da antecipação de duplicatas, que era de Taxa Referencial, mais 2,15% ao mês, subiu para TR + 2,85% mensais. O Bradesco também decidiu alterar a taxa para capital de giro, com garantia de duplicata, no mês de novembro. A maior passou de 5,80% para 6% ao mês. Por outro lado, decidiu baixar a mínima de 3,70% para 3,50% ao mês.

Adriana Gavaça