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Selic a 21% basta para conter inflação

Guarulhos, 24 de outubro de 2002

O economista-chefe do Citibank, Carlos Kawall, julga o patamar dos juros primários em 21% ao ano suficiente para conter pressões inflacionárias. O Banco Central decidiu manter a taxa Selic nesta faixa, poucos dias depois de convocar reunião extraordinária para elevar os juros primários em 3 pontos percentuais.

Conforme Kawall, um choque de juros de maior proporção, como defendem alguns especialistas, denota uma percepção errônea sobre o modelo cambial adotado pelo BC. “Com o regime flutuante, o BC não visa determinar patamar para o câmbio. O foco é a inflação e uma taxa de juros a 21% basta para cumprir este objetivo”, avalia o especialista.

Kawall está confiante de que, daqui para frente, o mercado financeiro trabalhará com maior otimismo, ressaltando que os candidatos de oposição têm mostrado maior flexibilidade, especialmente no que diz respeito à relação com o Fundo Monetário Internacional (FMI). “Uma consistente melhora do mercado vai depender do grau de incertezas quanto à transição política, pois há praticamente dez anos seguimos uma única conduta política-econômica”, observa.

Sem mencionar números, Kawall disse esperar que, em relação aos níveis atuais, a inflação esboce trajetória de alta. Porém, ele não espera que os juros sigam o mesmo caminho. Quanto à taxa de câmbio real, afirmou estar bastante apreciada, mas não espera grande mudança, até porque o real desvalorizado melhorou substancialmente o superávit comercial.

Ele lembrou que, na reunião do Copom do dia 14, quando a Selic foi elevada de 18% para 21% ao ano, o Banco Central surpreendeu pelo ´timing`. Mas disse que uma elevação da taxa seria inevitável. “Não imaginávamos que a alta (dos juros) seria para já, mas já estimávamos que depois das eleições a Selic teria de subir: se não elevassem os juros, a inflação ia subir ainda mais e isso ia acabar refletindo nas taxas futuras”, comentou.