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Anafalbetismo funcional compremete a produtividade

Guarulhos, 23 de setembro de 2002

arteUm problema silencioso e perverso afeta as empresas brasileiras: o analfabetismo funcional. Não se trata de pessoas que nunca foram à escola. Elas sabem ler e escrever e chegam a ocupar cargos administrativos como auxiliares. Mas não conseguem compreender a palavra escrita. Notícia de jornal é bicho-de-sete- cabeças. Computadores provocam calafrios e manuais de procedimentos, sejam os que ensinam uma nova tarefa ou a operar uma nova máquina na empresa, são simplesmente ignorados. Elas preferem ouvir a explicação da boca de um colega e, diante de seu superior, fingem entender tudo, para depois sair perguntando a outros o que e como deve ser feito. E quase sempre agem por imitação.

As pessoas devem estar imaginando que esse problema afete uma parcela mínima da população. Ledo engano. Estima-se que, no Brasil, os analfabetos funcionais somem de 65% a 75% da População Economicamente Ativa. No mundo, há entre 800 e 900 milhões. São pessoas com menos de quatro anos de escolaridade, que não têm as habilidades de leitura, escrita e cálculo para fazer face às necessidades da vida social e profissional dos nossos tempos.

A queda na produtividade provocada pela deficiência em habilidades básicas dos empregados resulta em perdas de US$ 6 bilhões por ano. Por quê? “Porque trabalhadores que não entendem sinais de aviso de perigo, instruções de segurança, orientações ao longo de um processo, instruções de embalagens ou de embarque de produtos causam erros e acidentes no local de trabalho e/ou danos ao equipamento”, explica o professor Daniel Augusto Moreira, coordenador do mestrado em Administração da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) e professor convidado da Faculdade de Economia e Administração da USP. “O custo de educar é infinitamente menor do que a produtividade perdida”, diz.