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Pequenas devem publicar balanço

Guarulhos, 21 de agosto de 2002

arteEmbora não exista obrigatoriedade legal, a publicação de informações econômico-financeiras pode ser muito vantajosa. No Brasil, somente as empresas de capital aberto, que negociam ações em bolsas, são obrigadas a publicar balanços. Essa á a regra pelo menos enquanto não for votado projeto de lei que estende a obrigação às companhias de capital fechado até um determinado limite de faturamento.

O projeto está parado no Congresso. E, sem serem obrigadas, as empresas menores nem pensam no assunto. Mas há vantagens na divulgação dos dados referentes ao desempenho das empresas. Apesar dos custos envolvidos, muitas empresas, inclusive as menores, poderiam se beneficiar da iniciativa de mostrar seus números para o mercado sob vários aspectos.

É importante para o consumidor conhecer a saúde financeira das empresas, principalmente daquelas que vendem ou prestam serviços. Digamos que seja uma forma criativa de se destacar perante a concorrência. Numa economia cada vez mais competitiva, serve como uma ferramenta de marketing interessante.

Investimento – “Não é comum as empresas que não têm essa obrigação legal mostrarem seus números, principalmente por causa dos gastos. Mas a iniciativa poderia ser encarada como investimento”, diz o diretor da Confirp Consultoria Contábil, Reinaldo Domingos. Poderia atrair consumidores e investidores. E deixar os fornecedores mais seguros.

Segundo os entendidos em balanços de empresas, o ato espontâneo de abrir para mercado as demonstrações financeiras é uma forma de mostrar transparência e ética, principalmente quando há o acompanhamento de uma auditoria independente para dar credibilidade aos números apresentados. As empresas de serviços, por exemplo, poderiam aproveitar a publicação de balanços para mostrar seus “produtos”, já que não possuem prateleiras e vitrines, como o comércio. Domingos aconselha a publicação pelo menos quando a empresa está em processo de negociação. Antes de fechar um negócio, independente do tamanho da empresa, é comum os investidores exigirem que os balanços sejam verificados por auditorias independentes. “Nesses casos, a publicação é indispensável”, diz.

Marketing – A mesma opinião favorável à publicação espontânea dos números tem o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado (CRC), Pedro Ernesto Fabri. “As empresas poderiam transformar os seus balanços, geralmente frios, econômicos e de difícil leitura, em peças de marketing”, sugere. Em vez do formato tradicional – geralmente lido somente por quem entende de contabilidade – as demonstrações financeiras poderiam ser elaborados numa linguagem mais acessível, utilizando gráficos, por exemplo.

Tudo para transformar a leitura mais agradável seja para o consumidor, fornecedor e até o concorrente da empresa. E tornar as informações úteis para todos. Do ponto de vista de makerting, são incontáveis os motivos que poderiam levar as empresas a se preocupar com o assunto. “É importante, por exemplo, a empresa mostrar que está admitindo funcionários, aumentando seu lucro, ou seja, que é companhia de sucesso “, diz Fabri. Além do diferencial mercadológico, Fabri toca num outro ponto que não costuma ser levantado pelas empresas.

O consumidor de hoje aprendeu a valorizar as demonstrações de responsabilidade social. Considera que os empresários mais responsáveis fazem produtos mais confiáveis. Em breve, poderão valorizar informações sobre a saúde financeira das empresas que produzem o que costumam consumir. Atualmente, as poucas empresas que se preocupam com o assunto divulgam suas informações econômicas apenas via internet, em seus sites.

Entidades – Tendência oposta acorre com as entidades filantrópicas e organizações não-governamentais ligadas ao terceiro setor. Em em geral, essas organizações investem pesado para mostrar seus balanços. Primeiro para dar credibilidade às ações sociais desenvolvidas. Querem dar satisfação sobre como estão utilizando recursos muitas vezes provenientes de doações. Depois, para conseguir a adesão de outros segmentos da sociedade para a causa que abraçam.

Sílvia Pimentel