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Compras de imóveis crescem

Guarulhos, 19 de agosto de 2002

Ao contrário do que se viu no ano passado, o mercado de compra e venda de imóveis em São Paulo está aquecido. Estimativas de empresas do setor apontam para uma aceleração de vendas entre 20% e 50%, em relação ao números de igual período de 2001. E a festa deve continuar no próximos meses.

Mas o aumento de negócios não chega a ser uma surpresa para as imobiliárias – no final do ano passado, o próprio Sindicato da Habitação (Secovi) já esperava vendas maiores em 2002. O principal motivo é o medo do que pode acontecer no País após a eleição de outubro. O diretor de novos negócios Thomas Salles, da Lopes Consultoria, lembra que, tradicionalmente, boa parte da poupança do brasileiro está aplicada em imóveis. “E, em momentos de crise, o brasileiro busca ainda mais o porto seguro dos imóveis”, lembra.

A Lopes registrou, nos primeiros sete meses do ano, um crescimento de vendas da ordem de 30%, em relação a 2001. “A partir de maio os negócios deslancharam e, no segundo semestre, as poupanças devem ser gastas na compra de imóvel”, destaca o diretor da Fernandez Mera, Gonçalo Fernandez. As imobiliárias dizem que estão sendo procurados imóveis de todos os tipos: populares, sofisticados, residenciais, comerciais, para morar, alugar ou como investimento. “Há fila de investidores interessados em lojas e escritórios de alto padrão”, diz Valentina Caran, presidente da imobiliária que leva seu nome. “Alguns tipos de produtos, como os imóveis populares para compradores com carta de crédito da CDHU, que oscilam entre R$ 25 mil e R$ 30 mil, por exemplo, não são encontrados”, acrescenta Francisco Régis Perez, sócio-diretor da Imobiliária Harmonia. Salles diz ainda que o poupador está investindo em unidades hoteleiras e em fundos imobiliários.

Antecipação – A Fernandez Mera anotou um aumento de vendas da ordem de 30% em julho, em relação a igual mês do ano passado. Segundo Gonçalo Fernandez, na realidade houve uma antecipação de compras. Isto é, os consumidores estão procurando fechar negócios antes das eleições. Mas ele enxerga um lado negativo nessa história: “quem não tem poupança teme perder o emprego e também sai do mercado”. O medo de mudanças políticas tem disparado em 50% a procura na Valentina Caran Imóveis por escritórios e lojas em regiões nobres já locados. “São escritórios de 500 m², com preços superior a R$ 1 milhão, adquiridos por investidores”, diz Valentina.

O aplicador antes queria produtos que proporcionassem 1,5% de renda ao mês, agora já aceitam os que propiciam ganhos de 0,9% a 1%. “E os proprietários também já não querem vender o imóvel, por isso a escassez”, diz Valentina.

Terrenos – Na Messias Imóveis, imobiliária instalada na zona Leste da Capital, o movimento de vendas cresceu a taxas superiores a 20% este ano, em relação a 2001. O diretor Manoel Messias Teixeira diz que a procura na região tem sido por sobrados e por terrenos de alta liquidez. “O consumidor está exigente. Quer produtos com boa localização e liquidez”, diz ele. Segundo Messias, terrenos na faixa de preço de R$ 100 mil não ficam parados na carteira da imobiliária. Outro produto requisitado na região são os sobrados com preço em torno de R$ 150 mil. “O brasileiro procura fugir do condomínio”, explica. Francisco Perez, da Harmonia, concorda: “as exigências do consumidor cresceram”.

O mercado está agitado, mas os negócios demoram para sair. “Só depois de análise rigorosa das vantagens e de discussão das exigências do comprador”, diz. Segundo Perez, os apartamentos usados de dormitórios, em bom estado e com preço adequados (comercializados por cerca de R$ 140 mil) também apresentam velocidade boa de vendas. “Hoje um imóvel desse tipo é vendido em 60 dias.

Teresinha Mattos