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Consumidor não se beneficia

Guarulhos, 18 de julho de 2002

arteA redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic terá um efeito mínimo sobre as operações de crédito ao consumidor. A avaliação é do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Miguel de Oliveira. Segundo ele, a queda da taxa de juros vai resultar em uma queda média de 0,03 ponto percentual nos juros anuais do comércio, do cartão de crédito e do cheque especial. Oliveira explica que há uma distância muito grande entre a taxa básica da economia e as cobradas do consumidor, que chegam a ultrapassar a marca de 280% ao ano, no caso das financeiras.

Pelos cálculos de Oliveira, as taxas médias do cheque especial e do cartão de crédito deverão recuar, respectivamente, de 9,86% e 10,47% para 9,83% e 10,44% ao mês – ou seja, 208,07% e 229,24% ao ano. Ele apresenta ainda algumas simulações. O custo de utilização de R$ 1 mil do cheque especial, por exemplo, durante 20 dias, cairá dos atuais R$ 65,73 para R$ 65,53. Já o preço final de uma geladeira de R$ 800 financiada em 12 vezes passaria de R$ 1.069,32 para R$ R$ 1.067,16.

“Acredito que os bancos e as financeiras vão reduzir os juros. As taxas estão extremamente altas e as vendas muito ruins. Com preços mais baixos, o cliente se motiva a comprar e a economia se aquece. Isso não quer dizer que o consumidor não deva pesquisar”.

O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, Luiz Carlos Ewald discorda. “A queda dos juros só beneficiará os bancos e financeiras. Duvido que eles diminuam as taxas. Essa medida só vai retardar um lucro ainda maior para as instituições financeiras”.

Ontem, a maioria dos bancos e financeiras ainda não tinha tomado uma posição sobre a mudança nos juros. O diretor da Associação Nacional das Financeiras das Montadoras, José Romélio Ribeiro, considerou a decisão do Banco Central “um sinal positivo para a economia, mas ainda insuficiente para reduzir as taxas” dos financiamentos dos veículos novos.

Segundo ele, a redução da Selic não se reflete imediatamente nos juros praticados pelos bancos das montadoras, que trabalham com prazos mais longos de captação. “Nós pegamos dinheiro emprestado por um período de longo prazo, de 24 a 36 meses. A redução da Selic não muda muito nosso custo de captação”, afirmou. No mês passado, a taxa média de juros dos financiamentos de veículos novos oscilou de 2,1% para 2,2% ao mês na primeira quinzena, chegando a 2,5% no final de junho.

Janaina Vilella