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Crise eleva juro nos financiamentos para MPEs

Guarulhos, 01 de julho de 2002

As empresas, principalmente as pequenas, que não conseguem as chamadas taxas preferenciais dos bancos, já estão pagando até 20% mais por empréstimos de curto e médio prazos, como desconto de cheques, duplicatas e capital de giro. Também vão amargar aumento de custo nos empréstimos mais longos, para investimentos, já que ontem o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu elevar a taxa de juros de longo prazo (TJLP) de 9,5% para 10% ao ano.

Na avaliação de Cláudio Miquelin, diretor de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, de maio para junho a taxa média de capital de giro cobrada pelos bancos aumentou perto de 20%. “Isso tem um forte peso nos custos e na competitividade das empresas brasileiras”, destaca Miquelin.

A elevação de taxas pode continuar em julho, sobretudo se não diminuir a pressão sobre os juros no mercado futuro, e a turbulência no mercado financeiro impedir uma redução da taxa Selic (juro básico da economia).

Alguns exemplos de ajuste são a Nossa Caixa, que trabalha muito com crédito para micro e pequenas empresas, e elevou a taxa máxima de desconto de cheques de 3,95% em maio para 4,70% ao mês no começo de junho.

Ontem o banco divulgou nova tabela, mantendo o teto de 4,70% nessas operações, mas elevando o piso de 2% para 2,20% ao mês. A Caixa Econômica Federal confirma que, a partir de segunda-feira, aumentará a taxa máxima para capital de giro em 16%, de TR mais 2,50%, para TR mais 2,90% ao mês.

No caso da TJLP, o aumento também entra em vigor a partir de segunda-feira e vale até 30 setembro. O Governo argumenta que a elevação deve-se ao fato dessa taxa ser composta pela projeção de inflação em 12 meses e pela média do risco-Brasil. Como ambos subiram, principalmente nos últimos 30 dias, a taxa teve de ser aumentada. O efeito prático disso é mais pressão no custo de empréstimos, tanto no caso de investimentos de micro e pequenas empresas, com dinheiro do BNDES, como para famílias de classe média que têm financiamentos da CEF, nas linhas do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).