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Tarifas e preços livres mais caros

Guarulhos, 26 de junho de 2002

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou para 5,5% a projeção do IPCA fechado de 2002. Essa nova projeção consta da ata da última reunião do Copom, divulgada nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC). Na ata de maio, a estimativa dos diretores do BC era de que a inflação fechasse 2002 um pouco acima de 5%.

A alta do dólar frente ao real, que se acelerou neste mês de junho, também levou o Comitê a projetar reajustes maiores nos preços das tarifas públicas, núcleo de preços que representa a maior pressão sobre a inflação este ano, segundo o BC. Para o conjunto dos preços administrados, a previsão atual do BC é de uma inflação de 6,1% contra uma estimativa de 4,5% no mês passado.

Isso vai ocorrer devido à concentração de reajustes das tarifas de telefonia fixa, energia, e tarifas de ônibus urbanos em capitais como o Rio de Janeiro e Salvador nos próximos dois meses. Para a eletricidade, por exemplo, o Banco Central projeta um aumento médio este ano de 19,4%. Na reunião do mês passado, a previsão era de 18%. Para o conjunto das tarifas públicas, a projeção de inflação em 2002 é de 8,1%. No mês passado, o Copom previa 7,6%.

Também para o preço da gasolina o Copom espera um reajuste maior do que a previsão anterior, já que, segundo a ata da última reunião, o BC prevê uma redução média, no ano, de 4,5%. Na reunião do mês passado, projetava-se uma redução média maior, de 6,6%.

Os preços livres, aqueles não controlados pelo governo, também devem ter elevação, segundo o BC. O principal motivo do crescimento desse conjunto de preços, de acordo com a ata, são os aumentos dos preços agrícolas no mercado atacadista. Conforme explicação que consta no documento, esse aumento já foi detectado em maio, com a divulgação do IPA (Índice de Preços Agrícolas), que foi reajustado em 0,85% no mês passado.

No novo documento, o Copom analisa que os fundamentos da economia, tais como a inflação manter tendência de queda até 2003, estão favoráveis a uma redução de juros. No entanto, o cenário nervoso do mercado financeiro pode influenciar essas projeções favoráveis, ponderam os técnicos do BC.

'Dessa forma, levando-se em conta que a instabilidade recente não reflete os fundamentos atuais da economia, e, portanto, pode ser considerada temporária, o Copom avaliou que a situação recomenda a sinalização da possibilidade de redução da taxa de juros antes da reunião de julho', diz o texto da ata.

Isabel Sobral