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Retorno aparentemente satisfatório pode não ser bom investimento

Guarulhos, 27 de maio de 2002

O Índice de Geração de Riqueza deixa claro que nem sempre o retorno aparentemente satisfatório pode significar um bom investimento em Bolsa. Ações de empresas como as celulares Tele Norte e Celular Sul renderam mais de 80% nos últimos três anos. Ultrapassaram o CDI, por exemplo, que ofereceu 72%. Mesmo assim, destruíram riqueza para seus investidores, uma vez que não conseguiram um retorno ao menos compatível com o risco do investimento.

A lista inclui, inclusive, Sabesp, que está no Novo Mercado da Bovespa, e Banco do Brasil, que se prepara para entrar. A primeira registrou alta de 77% no período, mas, pelo critério de riqueza, teve queda de 11%. BB PN cresceu 72%, mas, considerado o retorno mínimo exigido, caiu 10%.

Diferenças de números como essas tendem a ganhar importância à medida que modelos de gestão dedicados a gerar riqueza para o acionista começam a definir os investimentos de grandes fundos de pensão. Eliane Lustosa, diretora da Petros, fundo dos funcionários da Petrobras que aplica R$ 2,1 bilhões em ações, orienta os novos investimentos a companhias dispostas a adotar uma gestão baseada em valor e boas práticas de governança corporativa. “Avaliamos a quantidade de informações prestadas, o histórico do controlador e sua disposição a seguir as regras da boa governança”, afirma. A diretora lembra também que o BNDES hoje condiciona seus financiamentos às boas regras de governança e que a Secretaria de Previdência Complementar permite limites maiores para as aplicações em companhias com boa governança. “O cerco está se fechando e logo as empresas não terão outra alternativa para se financiar a não ser que tratem bem o investidor”, afirma.

Alexandre Póvoa, diretor do ABN Amro, índices como o WAI podem ser úteis para identificar companhias com gestão baseada em valor. “Analisando o histórico do índice, podemos notar companhias mais comprometidas.”