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Em junho, você começa a pagar com o “mico”

Guarulhos, 21 de maio de 2002

arteO Banco Central (BC) deve colocar em circulação em junho as notas de R$ 20. O cronograma de produção e circulação da nova cédula deve ser definido no próximo dia 28, quando acontece a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). No mesmo encontro, deve ser discutido o lançamento de moedas de alumínio de R$ 0,50 e R$ 1.

O objetivo do BC, ao lançar notas e moedas, é acabar com o problema de troco no País. Segundo estimativas da instituição, existem 7,4 bilhões de moedas no mercado e o chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, José dos Santos Barbosa, admitiu que esse número é insuficiente para atender às necessidades da população.

Um certo alívio

Para o comércio, o lançamento da nota de R$ 20 pode representar um alívio, mas não será a solução do problema da falta de troco. “O valor intermediário ajuda bastante”, explica o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo. “Se uma pessoa precisa dar troco de R$ 40, por exemplo, vai evitar gastar quatro cédulas de R$ 10, para dar apenas duas de R$ 20. Mas ainda faltam notas e moedas de valores mais baixos”.

Solimeo destaca que o Banco Central já se mostrou preocupado e começou a tomar providências para resolver essa questão. Em dezembro do ano passado, a instituição lançou a nota de R$ 2. Quatro meses depois, anunciou que aumentará em 70% a produção de moedas – de aproximadamente 700 milhões de unidades em 2001 para 1,2 bilhão neste ano. E, além disso, orientou bancos para que liberem em seus caixas mais notas de R$ 1, R$ 2 e R$ 5. “São medidas válidas, mas que não têm efeito imediato”, opina o economista.

“Teremos de esperar mais alguns meses para saber se os planos do BC realmente vão dar certo”.

Mas não adianta apenas comerciantes e bancários discutirem a falta de troco, segundo Solimeo. Ele diz que os consumidores têm de se acostumar a usar moedas e cédulas de pequeno valor. “Muita gente acaba deixando em casa ou no carro pequenos valores que podem ajudar diversos estabelecimentos a contar com troco”.

Fugindo da falsificação

Não é só a falta de troco que pautou o governo na escolha das novas notas. As cédulas de R$ 2 e R$ 20 apresentam detalhes importantes para evitar a falsificação.

A nota de R$ 2, que é azul e tem a estampa de uma tartaruga marinha, tem papel reforçado e uma marca d'água diferenciada. A nota de R$ 20, que será alaranjada e terá um mico-leão-dourado desenhado em uma de suas faces, vai apresentar uma tarja metálica como medida de segurança.

A falta de dinheiro miúdo no mercado brasileiro começou a ser notada em 2000. Isso porque, naquele ano, seguindo as normas do ajuste fiscal, o Brasil deixou de fabricar moedas e cédulas. O governo planejava colocar em circulação 800 milhões de moedas, mas apenas 186 milhões foram lançadas, porque parte da verba destinada à confecção de dinheiro teve de ser desviada para outros setores.

LUCIANE SCARAZZATI