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Financeiras são contra elevação do IOF que penaliza baixo crédito

Guarulhos, 16 de maio de 2002

As financeiras já começam a se mobilizar para evitar que o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF, prejudique o financiamento de vendas a prazo. A Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, Acrefi, irá encaminhar ainda nesta semana um pedido ao governo para que a nova taxação do imposto incida apenas sobre operações de crédito acima de R$ 50 mil. “Não podemos permitir que esse aumento castigue ainda mais a população de baixa renda, que muitas vezes só consegue crédito através das financeiras”, diz Ricardo Malcon, que preside a associação.

Mais caro – O financiamento de vendas a prazo nas lojas, realizadas por meio de financeiras, deve ficar mais caro a partir de junho. É que nesta data o governo pretende aumentar a alíquota do IOF como forma de compensar o rombo gerado pela suspensão da cobrança de 0,38% da CPMF. Os indícios dados até agora pela equipe econômica é de que o mesmo procentual seria aplicado para o IOF. Hoje o consumidor não paga a Contribuição para financiar suas compras nas lojas, já que o imposto incide apenas sobre depósitos e saques em contas-corrente. Já o pagamento do IOF sempre esteve a cargo do consumidor, que atualmente arca com um porcentual de 1,5% sobre o valor do bem adquirido a prazo. Isso sem levar em conta a taxa de juros praticada pelas financeiras no crediário, de em média 7% ao mês.

As regras também são válidas para o caso de empréstimos pessoais. Quem contrata este tipo de financiamento, através de banco, paga hoje IOF e também a CPMF, já que o dinheiro é liberado na conta-corrente do solicitante. Esse consumidor não sentirá as mudanças de taxação, se o governo optar por manter a alíquota de 0,38% também para o IOF. Agora, quem pega o empréstimo em dinheiro em uma financeira – e portanto não paga CPMF – terá de se acostumar com o custo maior do IOF.

Pouco impacto – A Crefisa, no entanto, não aguarda uma redução na procura por crédito com as mudanças propostas pelo governo. De acordo com o setor de Corporações da empresa, os clientes da financeira costumam solicitar pequenas somas em empréstimos, de em média de R$ 400. A mudança significaria um custo a mais de apenas R$ 1,52. A financeira conta com uma base de 60 mil clientes e atua principalmente na área de empréstimos pessoais em dinheiro. A Zogbi, tradicional no Crédito Direto ao Consumidor, CDC, preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

Adriana Gavaça