Notícias

Carros novos devem ter chip de identificação

Guarulhos, 25 de abril de 2002

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) deve aprovar, nos próximos 45 dias, uma resolução obrigando as montadoras a instalarem microchips de identificação nos carros fabricados a partir de agosto. Com o número do chassi a cor e o modelo do carro, todos criptografados, o dispositivo ajudará a polícia a identificar carros roubados e vai facilitar a fiscalização do pagamento de multas e taxas de licenciamento. A instalação do chip em carros usados vai depender do proprietário.

O projeto do governo foi apresentado nesta quarta-feira pelo ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, e pelo diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Jorge Guilherme Francisconni, a representantes das montadoras de veículos, indústrias de autopeças, transportadores e empresas de seguro. Os chips serão conectados a uma central de dados, o que permitirá, em caso de roubo, que os veículos sejam identificados assim que se aproximem de uma barreira policial. A polícia vai fazer a leitura destes dados a até 20 metros do carro. Por isso, o microchip está sendo chamado de dispositivo de segurança sem contato (DSSC). A memória do microchip também comporta nomes de proprietários e dados sobre multas e IPVA.

A idéia é instalar o dispositivo no motor e no câmbio, de maior valor, que alimentam os desmanches clandestinos de automóveis. Desse modo, seria desestimulado também o roubo de veículos. O ministro da Justiça aposta na medida para combater a criminalidade. “Creio que será uma segurança a mais para os proprietários de veículos, especialmente para os de carga.” O ministro disse que é necessário agir com inteligência e utilizar a tecnologia disponível para enfrentar as quadrilhas.

Preço – O dispositivo não deverá custar mais do que US$ 5 e, a longo prazo, permitirá a redução dos preços dos seguros para os proprietários dos veículos, disse Francisconni. O produto é fabricado pela World Security Systems (WSS) e já está em uso na França, segundo o diretor-técnico da empresa, José Carlos da Luz. Ele acredita que no futuro o dispositivo poderá ser acoplado a um sistema de localização por satélite, permitindo descobrir carros e caminhões roubados. “É bem-vindo tudo o que iniba o roubo de veículos”, aplaudiu o presidente da Associação Brasileira de Transportes de Carga, Nelton Gibson.

Mas ele observou que o microchip da WSS precisa ser aprimorado para funcionar no combate a roubo de caminhões. Na opinião dele, neste primeiro momento “o microchip será eficiente para aumentar a arrecadação dos Detrans”. Ele soube na reunião desta quarta que apenas em São Paulo 30% dos veículos circulam sem licenciamento. Da reunião no Ministério da Justiça participaram representantes do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg).

Sandra Sato