Notícias

Empresários pedem mercado de capitais dinâmico e mais barato

Guarulhos, 15 de abril de 2002

O desenvolvimento de um mercado de capitais dinâmico e a redução do “Custo BNDES” (do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são dois pilares para o crescimento vigoroso das pequenas e médias empresas brasileiras ao ponto de levá-las de vez ao tão sonhado mercado externo no mesmo ritmo em que promove uma substituição de importações no País.

A proposta está entre as prioridades do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) para a chamada “Nova Política Industrial”. O que o instituto vislumbra é uma maior liberdade para as empresas captarem os recursos necessários aos seus respectivos planos de expansão, ao mesmo tempo em que se reduz ou se barateia o custo para pegar dinheiro emprestado do governo. “O que se quer na verdade quando se fala em redução de custo de capital nada mais é do que a formação de um mercado de capitais, no longo prazo, e a redução do custo BNDES, no curto prazo”, afirma o economista e diretor executivo do IEDI, Júlio Sérgio Gomes de Almeida.

O mercado de capitais, segundo o IEDI, nada mais é do que o agente financiador para o crescimento da economia. Uma opção aos bancos de fomento, já que permite, via emissão maciça de ações e debêntures, a geração da caixa para empreitadas futuras. Isso, com um benefício que normalmente os bancos não dão, a “perspectiva de empréstimos de longo prazo.” Almeida, ao mesmo tempo em que pleiteia para já a formatação de tal mercado, também admite que ele só tomaria forma ideal para substituir os bancos de fomento no período mínimo entre três ou quatro anos. E mais. Tal mercado teria de vir obrigatoriamente acoplado a uma maior participação dos investidores, gerando um cultura de investimentos no País. “Sinais de que isso é possível já foram dados com a participação do investidor pessoa física na compra de ações da Petrobras e da Companhia Vale do Rio Doce”, diz.

Para garantir a credibilidade do mercado de capitais, o IEDI sugere que seus participantes tenham também um nível de “organização razoável, com balanços mais fiéis, que garantam a credibilidade na hora de pleitear empréstimos”.

Custo BNDES

Por outro lado, já que o mercado de capitais não vinga por enquanto no país, o IEDI sugere um caminho breve, e igualmente importante: a redução do que o instituto chama de “custo BNDES”. Afinal, segundo Almeida, “o BNDES é o termômetro da inexistência de um mercado de capitais no Brasil”.

O custo BNDES, explica Almeida, está hoje em 10,5% (TJLP) mais o spread (diferença entre o valor que o banco capta e o valor emprestado), que gira entre 1% a 3,5%.

“O grande problema é que o custo do empréstimo pode chegar até a 16%”, afirma.

Além disso, Almeida lembra que a relutância dos bancos em emprestar para às empresas, sobretudo as pequenas e médias, se dá pela pouca atratividade das operações. “Os bancos não têm interesse em emprestar para empresas de pequeno porte porque têm alternativas de operações mais lucrativas. O repasse de recursos do BNDES é pouco rentável e vale tanto quanto um desconto de duplicata”, diz.

Mesmo assim, quando o assunto é repasse de dinheiro público via banco privado, o economista lembra que são boas as iniciativas do BNDES de premiar as instituições que mais emprestam às pequenas e médias.

Além da iniciativa do Fundo de Aval, na qual o BNDES entra com parte da garantia de empréstimo, o que diminuiu o risco para os bancos.

Walter Wiegratz